Com o objetivo de promover uma “pausa digital”, os franceses estão a testar a proibição do uso de telemóveis a crianças com menos de 15 anos nas escolas secundárias. O teste está a ser levado a cabo em 200 escolas e, caso se revele uma operação de sucesso, deverá ser estendido a todo o país em janeiro de 2025.

A lei decretada em 2018 que proibiu o uso do telemóvel nas escolas primárias e secundárias revelou-se um falhanço por não ser cumprida integralmente. Porém, agora a medida apresenta-se com mais severidade. Além da proibição de usar o ‘smartphone’, crianças com menos de 15 anos vão estar restritas de aceder ao telemóvel nas escolas, sendo assim impossível o incumprimento da medida.

Depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, manifestar preocupação quanto ao excesso de tempo que as crianças passam a olhar para ecrãs, a ministra da Educação francesa anunciou o teste imposto a 200 escolas. Caso esta “pausa digital” seja bem sucedida, Nicole Belloubet pretende estender a medida e desligar os telemóveis às crianças francesas. Para vedar o acesso aos ‘smartphones’, será preciso que as escolas avancem para a instalação de armários onde as crianças possam deixar o telemóvel. Além disto, será essencial a organização das escolas e dos respetivos diretores para traçar o controlo efetivo da medida.

A sugestão da medida por parte de Nicole Belloubet surgiu após o ataque violento a dois estudantes em Montpellier. No entanto, foi necessária a aprovação de uma comissão especializada para que a medida avançasse e tal só sucedeu agora. O jornal francês Le Figaro dá conta de que os representantes da comissão recomendam que o acesso a telemóveis deve ser restrito a crianças até aos 11 anos, sendo que as redes sociais não devem ser acedidas antes dos 15.

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No relatório de 140 páginas apresentado pelos especialistas pode ler-se que o uso do telemóvel por parte das crianças não as afetas apenas a elas, mas também prejudica a “sociedade e a civilização”. 

O neurologista e neurofisiologista, Servane Mouton, acrescenta que “até aos seis anos de idade uma criança não tem necessidade de aparelhos tecnológicos para se desenvolver”. Mouton fala ainda na urgência de “ensinar os pais a brincar com as crianças novamente”.

Esta discussão tecnológica não se centra apenas em França. O The Guardian noticia que vários países europeus têm estudado os malefícios do uso excessivo de tecnologia por parte de crianças e a forma como implementar medidas que contrariem o excesso.

A Alemanha proibiu o uso de dispositivos tecnológicos dentro das salas de aulas, exceto para fins de ensino. Já a Itália instaurou a proibição em 2007 e, depois de abrandar com a medida em 2017, voltou à carga no ano de 2022, sendo que se aplica a todos os grupos etários. No caso do Reino Unido, cabe aos professores a decisão sobre a política do uso de ‘smartphones’ durante o horário letivo. Quanto a Portugal, o país está a estudar um determinado número de dias onde o acesso ao telemóvel é livre nas escolas.