Produtores de castanha, floresta e apicultores da área consumida pelo incêndio de Vimioso e Miranda do Douro mostram-se expectantes em relação aos apoios anunciados hoje pelo Governo para a perda de produção causada pelo fogo.

“O relatório do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) identifica uma perda de 1.700 hectares de floresta na nossa freguesia. Só de castanheiro em produção são 90 hectares. Na floresta de pinhal haverá regeneração nos próximos anos, e solicitamos investimento direto à perda de produção na parte agrícola, como é o caso do castanheiro. Os jovens agricultores que vivem sobre a fileira da castanha, principalmente, estão aflitos e precisam de medidas concretas”, disse o presidente da Junta de Freguesia de São Martinho de Angueira Lisis Gonçalves.

O autarca da freguesia do concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, acrescentou ainda que, no respeita à produção, está muito preocupado com a perda de rendimento.

“Como acompanhámos a par e passo o relatório elaborado pelo ICNF, precisamos, agora, que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento regional do Norte (CCDR-N), avance com o relatório da parte agrícola para serem enquadradas em medidas do Plano Estratégico da Política agrícola Comum 2023-2027 (PEPAC) outras medidas”, indicou o Lisis Gonçalves.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O autarca, que é também produtor de castanha, pede agora celeridade para medidas de apoio às culturas dos frutos secos, como a castanha, avelã e amêndoas, serem consideradas “perdas totais”.

Por seu lado, Vítor Ferreira, técnico da Associação de Apicultores do Douro Internacional, refere que no decurso do incêndio que teve início no passado dia 10, em Caçarelhos no concelho de Vimioso, e que depois alastrou a Miranda do Douro, perderam-se mais de 500 colmeias.

“Para além desta perda, há um conjunto de apiários que foram afetados porque as abelhas deixaram de ter alimento, devido à devastação das manchas de carvalho e outras espécies arbóreas, e a flora espontânea desapareceu, e agora o território está desertificado para abelhas”, vincou o técnico apícola.

Segundo o representante dos apicultores dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Vimioso, no distrito de Bragança, é preciso ajudas para alimentar as abelhas para manter a produção de mel.

“São necessários mais de 15 anos para que haja uma regeneração ambiental, para que tudo volte à normalidade no setor neste território. Temos de ser resilientes “, vincou

O Governo anunciou esta quinta-feira um pacote de meio milhão de euros para o início, a curto prazo, da recuperação e consolidação da área ardida nos incêndios florestais que afetaram os concelhos de Bragança, Miranda do Douro e Vimioso.

Este anúncio, feito após uma reunião em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, que juntou autarcas, Autoridades Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), bombeiros, GNR, juntas de freguesia, associações florestais entre outras entidades, para fazer um ponto de situação ao incêndio deflagrou no passado dia 10, na União de Freguesias de Caçarelhos e Angueira, em Vimioso, e que depois se alastrou às freguesias vizinhas de São Martinho, Angueira e Cicouro, em Miranda do Douro.

O Governante demonstrou ainda preocupação no restauro da biodiversidade e das captações de água nestes territórios afetados pelo fogo.

No terreno estão já em curso trabalhos de recuperação de caminhos agrícolas, consolidação do terreno, limpeza de pontos de água os quais estão a ser levados a cabo por elementos do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

O montante de 500 mil euros anunciados pelo Governo para esta primeira fase vai até novembro, sendo distribuídos 300 mil euros para os concelho de Miranda do Douro e Vimioso e 200 mil euros para o incêndio que deflagrou na mesma altura no Parque Natural de Montesinho (PNM), no concelho de Bragança.