A taxa de inflação em agosto, em termos homólogos, abrandou para 1,9%, de acordo com dados preliminares do INE (Instituto Nacional de Estatística). Na inflação que exclui os produtos alimentares e energéticos — designada de subjacente — os preços subiram 2,4%, mantendo o ritmo de aumento. Com base na inflação média de 12 meses sem habitação, o que conta para a atualização das rendas, estas vão poder subir em 2025 um total de 2,16%.
Em julho, a taxa de inflação ficou nos 2,5%.
INE confirma abrandamento da subida dos preços para 2,5% em julho
De acordo com dados do INE, os preços nos produtos energéticos caíram 1,4%, quando no mês anterior tinham aumentado 4,2%. O INE explica que esta queda de agosto de 2024 deve-se à conjugação de dois fatores: à queda mensal nos combustíveis e lubrificantes de 2,5%, mas também ao efeito do crescimento há um ano de 9,3%.
Já os produtos alimentares não transformados também tiveram uma variação negativa de 0,8% em agosto, o que compara com um aumento de 2,8% em julho. O INE indica que a fruta fresca foi o que contribuiu para esta desaceleração, também devido ao aumento que teve há um ano de 3,9%. O recuo da inflação total não foi acompanhado no caso da taxa de inflação subjacente (sem energéticos e sem agrícolas), que ficou nos 2,39%.
A variação a doze meses ainda está acima dos 2%. Segundo o INE está nos 2,3%.
Os dados finais referentes a agosto serão divulgados pelo INE a 11 de setembro.
O Banco BPI, numa nota de análise à inflação, recordando que se em agosto foi reforçado o “movimento descendente da inflação para o objetivo dos 2%”, há, no entanto, “alguns obstáculos deverão colocar-se no caminho”. Nomeadamente com o fim parcial de apoios aos combustíveis, o que aconteceu em relação à taxa de carbono. E a Galp já anunciou a atualização dos seus preços de eletricidade e gás natural a partir de outubro, mês em que o gás natural no regulado vai aumentar. “Estes fatores suportam a nossa expectativa de crescimentos dos preços mais expressivos nos últimos meses do ano”. Por outro lado, indica a entidade, “é de assinalar a resistência da componente subjacente, pondo em evidência o arrastamento e a gradualidade do processo desinflacionista: acreditamos que no que resta do ano o IPC subjacente vai continuar a flutuar na banda entre os 2,4% e 2,6%”.
Taxa de carbono sobe à boleia da baixa dos combustíveis, mas ainda falta descongelar 3 a 4 cêntimos
Nos dados revelados para a Europa pelo Eurostat, a taxa de agosto ficou nos 2,2% na zona euro, abaixo dos 2,6% de julho. Portugal teve a oitava taxa mais baixa em agosto.
Rendas vão poder subir 2,16%
É a inflação de 12 meses sem habitação registada em agosto que conta para a determinação do coeficiente da atualização das rendas no ano seguinte. E em agosto, de acordo com dados preliminares, atingiu 2,16%, pelo que será esse o montante que os senhorios poderão fazer repercutir no aumento da renda.
Em 2024 foi permitido aos senhorios aumentarem até 6,94% a rendas habitacionais e não habitacionais, desde que não sejam antigas (anteriores a 1990), tendo o anterior Governo avançado com um apoio para que os inquilinos não sentissem a totalidade do aumento. O Governo decidiu apoiar os inquilinos para que, no final, só sentissem um aumento máximo de 2%, no caso de atingirem uma taxa de esforço com a renda de 35% do rendimento. No ano anterior tinha sido aplicado um teto de subida de 2%.
A atualização definida pela inflação é um máximo, pelo que os senhorios podem optar por fazer subidas menores.