Aquilo que o traçado de Sachsenring deu, Silvertsone e Spielberg tiraram. Depois do melhor resultado do ano no Grande Prémio da Alemanha, com um segundo lugar na sprint e uma sexta posição na corrida, Miguel Oliveira conseguiu aproximar-se dos lugares do top 10 do Mundial mas duas provas menos conseguidas no regresso do MotoGP, com uma desistência na Grã-Bretanha e um 12.º posto na Áustria, voltaram a afastar o português desse objetivo possível para o que resta de 2024. Agora, em Aragão, começava mais uma tentativa de recuperação, numa pista onde o piloto da Trackhouse Racing ganhou no Moto3, foi ao pódio no Moto2 mas nunca passou do 11.º lugar no MotoGP. Em paralelo, havia decisões laterais tomadas ou por tomar.

O campeão veio para ficar: Bagnaia volta a vencer em Spielberg e isola-se na liderança do Mundial, Miguel Oliveira ficou em 12.º

No que toca ao futuro, e numa fase em que todas as equipas já tomaram as suas decisões para 2025, é cada vez mais um cenário confirmado a presença de Miguel Oliveira na equipa da Pramac, que passará da Ducati para a Yamaha. “Temos de esperar por um anúncio oficial. Como eu disse nas últimas semanas, temos estado em conversas com a Yamaha para o lugar na Pramac e até termos uma atualização oficial sobre isso, tenho de ser um bocado mais reservado nos comentários. Mas eu diria que o lugar está seguro e só teremos de olhar em frente para o presente e fazer o melhor que pudermos com a equipa da Trackhouse. Não sou velho, tenho 29 anos, por isso não sinto que tenha alcançado o meu potencial máximo. Acredito mesmo nisso. Algumas coisas têm faltado mas estou otimista”, comentou o português em entrevista à TNT Sports.

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Menos seguro, ou num cenário quase oposto, está a continuidade do Grande Prémio de Portugal para 2025, depois da exclusão da prova no Autódromo Internacional do Algarve do calendário provisório mas numa fase onde existem ainda conversações. “As taxas para ter uma prova do calibre desportivo do MotoGP são elevadas mas o retorno também é elevado. Deixa-me perplexo a falta de intervenção governamental no nosso Grande Prémio. Houve zero intervenção do governo na realização do MotoGP em Portugal nos últimos anos. É sabido, pelas notícias, e isso é público, que o MotoGP trouxe de retorno direto ao Algarve cerca de 80 milhões de euros. Não sou perito em economia mas se fizermos contas redondas, se as pessoas que vão ver o MotoGP durante o fim de semana entre hotéis, restauração, bilhetes, gastarem cerca de 1.000 euros e forem apenas 70.000, estamos a falar já num número bastante apelativo. Se pensarmos que o governo encaixa isso tudo em IVA, é sem dúvida alguma um Grande Prémio lucrativo”, disse à SportTV.

Agora, entre uma quase certeza e uma enorme dúvida, as atenções estavam centradas no Grande Prémio de Aragão, com Miguel Oliveira a terminar a sessão da manhã na sétima posição sem conseguir entrar no lote de três pilotos capazes de rodar abaixo de 1.49 (Marc Márquez, Jorge Martín e Pedro Acosta). “Acho que os dois últimos domingos mostraram que temos muito potencial para terminarmos numa classificação melhor do que aquela em que acabámos e acredito que se juntarmos tudo o que vem de sexta-feira, o resultado pode ser mais satisfatório. Aragão é sempre um desafio, portanto vamos atacar a pista desde o primeiro momento e tentar tirar o máximo partido da RS-GP24″, salientara na antecâmara dos treinos livres.

Seria sempre um desafio, tornou-se ainda mais um desafio. A primeira saída dos pilotos para a sessão da tarde mostrou como o nível estava alto, com vários pilotos a rodarem na casa do 1.47 com pneus usados antes da chegada da fase decisiva onde os tempos iriam baixar ainda mais. Miguel Oliveira, que andou nas últimas posições até aos 15 minutos finais, arriscou depois um conjunto de pneus novos macios que não deu para melhor do que o 16.º melhor posto, passando mais uma vez pelas boxes antes de tentar uma derradeira hipótese de apuramento para a Q2 que se afigurava como um cenário complicado perante o que se tinha visto mas com algo mais para contar: após a última passagem, as duas Trackhouse saltaram para a quarta e quinta posições, entraram no último minuto com Raúl Fernández em nono e Miguel Oliveira em décimo e acabaram por ficar “a salvo” pela queda de Jack Miller no quarto e último setor, o que anulou a volta que o australiano estava a fazer e também outros possíveis tempos melhores como o de Enea Bastianini.

Se noutras sessões de treinos livres o piloto português acabou por ser prejudicado por quedas e respetivas bandeiras amarelas nos derradeiros minutos que impediram que lutasse pela Q2 direta, agora o cenário foi invertido e acabou por beneficiar dessa nuance para segurar a última posição de acesso à luta pelo melhor lugar entre as primeiras quatro filas da grelha de partida com o tempo de 1.46,855, naquela que foi também a primeira vez em que a Aprilia colocou as quatro motos nas dez mais rápidas dos treinos livres. Marc Márquez ficou com o melhor tempo, que passou também a ser recorde no circuito de Aragão (1.45,801), à frente de Aleix Espargaró (1.46,073) e Maverick Viñales (1.46,117). Entraram também diretos na Q2 Jorge Martín, Álex Márquez, Pecco Bagnaia, Franco Morbidelli, Johann Zarco e as duas Trackhouse.