O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cuja reeleição no dia 28 de julho foi questionada pela oposição e pela comunidade internacional, decretou esta segunda-feira “a antecipação do Natal para o dia 1 de outubro”. A antecipação da data é uma tradição do regime chavista, mas este ano surge com mais de três meses de antecedência, em resposta à crise política que se vive no país.

“É setembro e já cheira a Natal. E é por isso que este ano, em homenagem a vocês, como forma de agradecimento, vou decretar a antecipação do Natal para o dia 1 de outubro”, declarou Maduro, num programa em direto na televisão estatal. O Presidente falava aos seus apoiantes sobre uma falha de eletricidade, na passada sexta-feira, que afetou 80% do território, segundo relataram os meios de comunicação social locais.

Classificando esta quebra de eletricidade como uma tentativa de sabotagem dos seus críticos no estrangeiro, Maduro argumentou que tentaram travar a economia, mas falharam. “As pessoas continuaram a trabalhar e, com o apoio da classe trabalhadora, numa união perfeita entre civis, militares e polícia, garantimos paz absoluta”, considerou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A “paz absoluta” continua agora com a celebração da época natalícia durante o outono inteiro. “O Natal começa no dia 1 de outubro. Para todos, o Natal chega com paz, alegria e segurança“, anunciou.

O jornal El País explica que “a antecipação do Natal” é uma forma de propaganda habitual do regime chavista. O governo aproveita a época festiva para distribuir alimentos — em 2018, cumpriu a promessa de entregar milhões de presuntos — e outros bens à população, como forma de tentar combater a inflação, como argumenta o regime. Quanto mais cedo começar o Natal, mais cedo a população recebe estes “presentes”: em 2020, o Natal começou a 15 de outubro, em 2021 no dia 4 de outubro.

O anúncio de um Natal ainda mais antecipado este ano surge em pleno clima de tensão política no país. Ainda esta segunda-feira, o procurador geral venezuelano ordenou a detenção do líder da oposição, Edmundo González.

Justiça venezuelana ordena detenção de líder da oposição González Urrutia

Para pouco depois da época natalícia antecipada está marcada a terceira tomada de posse de Nicolás Maduro na presidência, agendada para 10 de janeiro. É esperado que, até lá, a contestação popular, liderada pelo partido de María Corina Machado, se mantenha.