Cerca de 273 pessoas morreram no Níger e mais de 700.000 foram afetadas pelas fortes chuvas que assolam o país desde junho e que, na terça-feira, provocaram o desmoronamento de uma mesquita centenária, disse esta quarta-feira fonte oficial.

De acordo com o Ministério do Interior do Níger, até 4 de setembro, “as inundações causaram a morte de 273 pessoas, 121 das quais morreram afogadas e 152 morreram quando as suas casas desabaram”.

O ministério contabilizou também 710.767 pessoas afectadas e 278 feridas pelo mau tempo, que afectou comunidades em todo o país, incluindo a capital Niamey.

“Estamos a atravessar um período extremamente difícil devido às chuvas torrenciais e às graves inundações”, declarou a ministra da Ação Humanitária e da Gestão das Catástrofes, Aissa Laouan Wandarama, lamentando as “perdas humanas e materiais significativas”.

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Na terça-feira, uma importante mesquita em Zinder desmoronou-se depois das chuvas torrenciais que caíram sobre esta grande cidade do centro-leste do país.

“É a mesquita mais antiga de Zinder e foi completamente destruída ontem [terça-feira] após uma chuva torrencial”, disse à agência francesa AFP Ali Mamane, um residente de Zinder.

A região de Zinder é uma das mais atingidas pela intensa estação das chuvas que, desde junho, se abateu sobre o Níger, um vasto país desértico afetado pelas alterações climáticas.

As imagens da queda progressiva do edifício, até ao seu desmoronamento total no bairro de Birni da cidade, onde se situa o sultanato da região, foram amplamente divulgadas nas redes sociais.

Construída em meados do século XIX, a mesquita era altamente simbólica para os habitantes da segunda maior cidade do país.

“Durante centenas de anos, os fiéis vinham de longe para rezar ali todas as sextas-feiras e nos festivais muçulmanos”, disse El Hadj Mansour Kakalé, um líder religioso local.

Construída com uma mistura de terra e palha, está na lista das mesquitas mais visitadas do país, a seguir à de Agadez (norte), construída em 1515 e Património Mundial da UNESCO, segundo o Ministério do Turismo do Níger, que a restaurou recentemente.

“Foram registadas fissuras em alguns locais, mas não pudemos intervir devido à chuva”, explicou um funcionário do ministério local.

Na cidade de Maradi, capital da região com o mesmo nome e vizinha de Zinder, quinze pessoas morreram num só dia, na semana passada, na sequência de chuvas torrenciais.

Durante a estação das chuvas, que se prolonga de junho a setembro, o Níger vê-se confrontado, desde há alguns anos, com inundações recorrentes, nomeadamente nas zonas muito desérticas do Norte, onde este ano se registaram novamente danos importantes, um paradoxo neste país muito seco, onde as quebras de colheitas se devem normalmente à seca.