A derrota contra a Croácia, no início do passado mês de junho e a poucos dias do arranque do Euro 2024, foi o primeiro aviso de que Portugal não poderia partir para a competição com uma confiança desmedida. A ideia confirmou-se, com a Seleção Nacional a cair nos quartos de final sem nunca impressionar — e o duelo repete-se esta quinta-feira, no Estádio da Luz, na fase de grupos da Liga das Nações.
Cerca de uma semana depois de anunciar uma convocatória com várias novidades e alguns regressos, como os casos paradigmáticos de Pedro Gonçalves e Francisco Trincão, Roberto Martínez voltou a responder às perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa de antevisão à receção aos croatas. E não fugiu a uma questão sobre as críticas à prestação portuguesa no Euro 2024.
“Nós queremos ganhar sempre, isso é importante. Os grandes torneios têm os melhores jogadores do mundo, os jogos são decididos por detalhes. O detalhe, muitas vezes, é um penálti em que a bola entra ou sai. Mostrámos personalidade, tivemos um controlo muito bom no jogo com França e crescemos muito. O grupo estava preparado para fazer mais dois jogos. Gostei muito da nossa personalidade, estivemos muito bem em muitos aspetos. As críticas fazem parte da exigência. A exigência, em termos internos, é ainda mais forte do que a exigência dos adeptos”, começou por dizer o selecionador nacional.
De forma natural, Roberto Martínez foi questionado sobre Pedro Gonçalves, jogador que há muito não era convocado para a Seleção Nacional — iria ser em março, mas lesionou-se no último jogo pelo Sporting antes da convocatória — e cuja ausência do grupo do Europeu causou muita polémica. “O Pote merece estar na Seleção. Eu disse isso, mas ele também sabe que existe muita competitividade, há muitos jogadores que pisam o terreno dele”, disse.
“Esteve muito bem, com uma boa atitude. Chegou à Seleção e mostrou que pode ajudar. Não há que pedir desculpa. O trabalho do selecionador é trabalhar com muita informação e ser honesto sobre as decisões. Só posso tomar decisões em prol do que é bom para a Seleção. Só tenho de pedir desculpa quando tomo decisões com honestidade”, acrescentou o treinador espanhol, indicando ainda que pensa numa “posição mais interior” para o jogador na Seleção.
Sobre o jogo em si, Roberto Martínez garantiu que a equipa está “ansiosa” por voltar ao relvado. “Vamos encontrar um Portugal cheio de energia e com muita vontade. Gostamos sempre de jogar em ataque. Amanhã temos um teste interessante, porque a Croácia é uma equipa que gosta de ter a bola. Serão duas equipas a lutar pela bola. Portugal estará com muita ambição e muita vontade de voltar ao campo. Queremos voltar a dar alegrias aos nossos adeptos, talvez com algumas surpresas. O que é importante agora é o formato da Liga das Nações e todos os jogadores são importantes, os que estão a começar também. Os jogadores novos mostraram uma personalidade incrível. Conheço as suas valências, mas a personalidade e a atitude foram incríveis”, indicou.
Mantendo a vontade de falar sobre os jogadores que estão a realizar o primeiro estágio com a Seleção Nacional, o selecionador abordou Geovany Quenda, ala de apenas 17 anos do Sporting que está a impressionar nos leões e que mereceu a primeira chamada. “Dizemos sempre que a idade não é um critério e o exemplo do Quenda é esse mesmo. Mostrou personalidade, qualidade e uma capacidade de adaptação incrível. Tem uma qualidade que não é normal aos 17 anos, fez um Europeu Sub-17 muito bom. Entra na equipa principal do Sporting e mostrou uma capacidade de adaptação incrível. É uma boa notícia para o futebol português”, garantiu.
Também Bernardo Silva, que respondeu às perguntas dos jornalistas na Cidade do Futebol antes de Roberto Martínez, comentou a qualidade de Geovany Quenda e assumiu até que poderá perder o lugar no onze inicial para o jovem jogador. “É impressionante ver o nível em que ele está com esta idade. Eu não jogava nos juvenis do Benfica. Não era nos juniores, era nos juvenis. Vê-lo com 17 anos a representar o Sporting e a Seleção é só porque merece e tem nível para estar aqui. Se continuar, vai certamente aitngir patamares maiores do que aquele em que está neste momento”, disse o avançado do Manchester City, que não quis comentar o atual momento do Benfica e a provável confirmação de Bruno Lage como novo treinador encarnado.
