Tradicionalmente, os Estados Unidos não são um país de futebol. Não daquele desporto a que na Europa se chama “futebol”. A modalidade está longe de ser a preferida dos norte-americanos, mas nos últimos anos tem havido um grande investimento da federação norte-americana (US Soccer). O ponto alto será a organização do Campeonato do Mundo, em parceria com o México e o Canadá. Para chegar a 2026 na melhor forma possível, as mudanças já começaram na seleção norte-americana.

Depois de o namoro ter surgido há cerca de um mês, o casamento ficou consumado a 30 minutos do início do segundo jogo amigável desta paragem para as seleções, frente à Nova Zelândia (1-1). Mauricio Pochettino foi confirmado como novo selecionador dos Estados Unidos, substituindo, assim, Gregg Berhalter, que foi despedido em julho, após a eliminação na fase de grupos da Copa América.

“Pochettino, de 52 anos, é um técnico experiente e altamente respeitado, que teve passagens bem-sucedidas por vários clubes europeus de ponta, incluindo Tottenham, Paris Saint-Germain e Chelsea. Conhecido por construir equipas com estilos de jogo dinâmicos, agora assumirá o comando da seleção masculina dos EUA, trazendo a sua vasta experiência e perspicácia tática para liderar a equipa no Campeonato do Mundo de 2026″, partilhou a US Soccer em comunicado.

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“A decisão de assinar com a US Soccer não foi só sobre futebol. É sobre a jornada que esta equipa e este país estão a fazer. A energia, a paixão e a fome de alcançar algo verdadeiramente histórico aqui, são as coisas que me inspiraram. A oportunidade de liderar a Seleção dos EUA, diante de adeptos que são tão apaixonados quanto os jogadores, é algo que eu não poderia deixar passar. Vejo um grupo de jogadores cheios de talento e potencial e, juntos, vamos construir algo especial do qual toda a nação se pode orgulhar”, disse, por sua vez, o novo técnico, que se vai tornar no 10.º selecionador norte-americano nos últimos 14 anos.

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Pochettino foi oficializado antes do particular frente à Nova Zelândia

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O treinador argentino de 52 anos estava, desde o final de maio deste ano, sem clube, depois de ter sido despedido do Chelsea. Pochettino deixou o clube londrino depois de ter conseguido garantir a presença nas competições europeias desta época. A decisão terá sido tomada depois de um conflito entre o técnico e dois diretores desportivos e levou a direção dos blues a criticar os métodos de treino “antiquados” do timoneiro, assumindo que pretendia “um treinador jovem e progressista, disposto a aceitar a sua maneira de trabalhar”.

Segundo o New York Times, o processo de escolha do argentino começou dois dias depois da final da Copa América, com o executivo da US Soccer a encontrar-se com Pochettino num hotel em Barcelona. A reunião que deveria ter durado hora e meia acabou por ultrapassar as quatro horas mas, no final, todas as partes ficaram agradadas com o resultado final. Contudo, a lista continha ainda nomes como Jürgen Klopp, Pep Guardiola, Gareth Southgate, Graham Potter e Thomas Frank, pelo que a digressão de reuniões pela Europa estendeu-se pelo verão.

Apesar de outros nomes se terem mostrado dispostos a aceitar o desafio, as conversas com o argentino continuaram a evoluir positivamente e levaram os elementos da federação norte-americana a regressar a Barcelona, nomeadamente a selecionadora feminina, Emma Hayes, que se cruzou com Pochettino no Chelsea. Com o acordo praticamente consumado entre as duas partes, faltava apenas tratar da componente financeira, dado que o novo selecionador tem um dos maiores rendimentos do mundo.

Esse fator acabou por não ser problemático, dado que a US Soccer funciona como uma organização sem fins lucrativos, arrecadando fundos através das doações de milionários norte-americanos. Um desses casos foi o do bilionário Ken Griffin, que doou mais de sete milhões de euros à federação nos últimos anos, com vista a construir minicampos em Chicago e Miami-Dade. Mais recentemente, Griffin concordou em apoiar a seleção masculina e contratação do novo selecionador, indica o New York Times.

Com o problema salarial resolvido, surgiu outro imprevisto: o acordo celebrado entre Pochettino e o Chelsea contemplava uma cláusula que não deixava o treinador assinar por outro clube no espaço de seis meses. JT Batson, diretor executivo da US Soccer, assumiu então o papel de intermediário e conseguiu um acordo, que incubia os blues de pagar ao treinador tudo o que devia, exceto o salário deste na seleção dos Estados Unidos. O acordo final acabou por alastrar-se e o prazo inicial, que passava pela paragem internacional de setembro, não se concretizou. Pochettino ainda foi associado a Newcastle e Manchester United, mas o seu futuro vai passar mesmo pelos Estados Unidos. A estreia acontecerá em outubro, frente ao Panamá.