O presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública disse nesta sexta-feira, no parlamento, que a suspensão do serviço AforroNet nunca pôs em causa a segurança das poupanças das famílias.

“As poupanças das famílias nunca estiveram em causa, a segurança é absoluta, o sistema dispõe de vários mecanismos de segurança, gostaria de aproveitar para dizer muito claramente que a segurança das poupanças nunca esteve em causa”, disse Miguel Martín durante a audição na Comissão de Orçamento e Finanças.

Segundo explicou, houve uma situação em que um aforrista teve acesso aos dados pessoais de outro pelo que o IGCP decidiu suspender a plataforma digital. Quanto ao tempo que demorou a suspensão, duas semanas, explicou que a intervenção tardou porque os sistemas são obsoletos e difíceis de manusear.

Estas situações não são facilmente reparáveis”, disse.

AforroNet. Site em baixo há vários dias para “reforçar a segurança” após ter havido um “acesso indevido” a dados pessoais

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O serviço AforroNet voltou a estar operacional em 6 de setembro, depois de ter sido concluída uma “intervenção para a melhoria da proteção dos dados pessoais” durante aproximadamente duas semanas, explicou então o IGCP.

Já em agosto, ao Expresso, o IGCP tinha indicado que a suspensão ocorreu devido a um “caso de acesso indevido a dados pessoais constantes no AforroNet”.

“Este incidente, que não resultou de um ataque informático, justificou a decisão de suspender temporariamente a plataforma AforroNet para uma intervenção de melhoria da segurança dos dados pessoais da plataforma”, disse a entidade ao jornal.

O presidente do IGCP disse hoje, no parlamento, que a elevada subscrição de certificados de aforro em 2023 teve um efeito disruptivo na atividade desta agência que gere a dívida pública.

Subscrição elevada em 2023 teve “efeito disruptivo”

Na audição na comissão parlamentar de orçamento e finanças, Miguel Martín fez uma apresentação sobre o financiamento da República e, referindo-se às elevadas subscrições de certificados de aforro em 2023, disse que tal teve um “efeito disruptivo” na operação do IGCP, explicando que para esta entidade é importante que todos os agentes de gestão da dívida sejam regulares no mercado (para fomentar a liquidez) e também previsíveis.

“No ano de 2023, a forte subida das subscrições dos certificados de aforro perturbou a atuação regular do IGCP e por conseguinte no ano passado o IGCP este em termos de emissão de Obrigações do Tesouro cinco vezes em mercado quando o expectável são 10 e em Bilhetes do Tesouro esteve quatro vezes em mercado quando é expectável 10 operações”, disse.

Já este ano, adiantou o presidente do IGCP, é de “regresso à normalidade”.

Em 2023, a elevada remuneração dos certificados de aforro, sobretudo face à dos depósitos bancários, levou a grandes subscrições desta dívida pública destinada ao retalho.

Em junho de 2023, o Governo (PS) decidiu baixar a remuneração dos certificados o que levou a uma forte diminuição da procura pelos certificados de aforro.

Sobre a evolução da remuneração dos certificados de aforro, o presidente do IGCP remeteu para declarações do ministro das Finanças sobre as alterações pois é uma decisão governamental.

Em julho, no parlamento, em resposta a perguntas de deputados, Miranda Sarmento disse que o executivo “está a olhar para esse tema”, da remuneração dos certificados, e adiantou que haverá “medidas que tornem os certificados mais atrativos, dentro daquilo que é a normal gestão de portefólio da dívida pública portuguesa” levada a cabo pelo IGCP.

Em julho deste ano havia 33,9 mil milhões de euros investidos em certificados de aforro (mais quase 1% face ao mesmo mês de 2023), segundo dados do Banco de Portugal.