A treinadora do Benfica, Filipa Patão, assumiu este domingo o objetivo de “colocar o Benfica no mapa” do futebol feminino europeu e torná-lo “consistente” na Liga dos Campeões, passando consecutivamente a fase de grupos.
“Colocar o Benfica no mapa é conseguir a consistência e eu penso que isso ainda não foi conseguido, no sentido em que ainda falta olharem para o Benfica como um eterno clube que vai passar da fase de grupos”, admitiu a treinadora, em entrevista à agência Lusa.
Apesar de terem estado sempre presentes na fase de grupos da ‘Champions’, desde que o atual modelo foi implementado, as ‘encarnadas’ conseguiram ultrapassá-la apenas “uma vez”, precisamente na última época.
“Queremos, principalmente, a consistência europeia e essa consistência é: permanentemente nas fases de grupos e passando as fases de grupos. A partir daí, qualquer clube luta para chegar à final e tem esse propósito, mas temos de conseguir essa consistência para o Benfica, para o projeto e também para o futebol feminino, por arrasto”, apontou a treinadora, no Benfica Futebol Campus, no Seixal.
Se ultrapassarem as suecas do Hammarby, na segunda ronda de qualificação para a fase de grupos, as ‘encarnadas’ juntam-se a FC Barcelona, Lyon, Bayern Munique e Chelsea no lote de equipas que conseguiram o ‘pleno’ da fase de grupos, às quais podem juntar-se, também, o Paris Saint-Germain e o Real Madrid, adversário do Sporting nesta eliminatória.
Filipa Patão lembra, no entanto, que “são poucas as equipas que passam consecutivamente a fase de grupos”.
“E eu acho que é para aí que o Benfica tem de caminhar. Passo a passo e com aquela consistência que eu digo que é olharem para nós e dizerem: sim senhora, o Benfica é um forte candidato, todos os anos, a estar nos quartos de final da ‘Champions'”, insistiu.
A partir da próxima época, por outro lado, “o campeão português vai entrar diretamente na fase de grupos”, em boa parte “graças aos pontos que o Benfica conseguiu” nos últimos anos.
Patão assume que “ninguém deve nada” por isso ao clube da Luz, mas reconhece, por outro lado, que estão reunidas “todas as condições para começar a ter muitas equipas [portuguesas] no panorama internacional” e destaca a influência positiva que isso vai ter no campeonato português.
“A nossa Liga vai começar a ser mais atrativa para as jogadoras estrangeiras, porque sabem que já existe um número maior de equipas no panorama internacional. E isto é uma bola de neve. O sentido é crescente, agora é preciso equipas que apostem com a consistência de que falamos”, apelou a técnica que, na semana passada, foi nomeada para o prémio de melhor treinadora de futebol feminino do mundo em 2023/24, num galardão a entregar na gala da Bola de Ouro.
Para voltar a lutar pelo acesso aos quartos de final nesta época, as ‘encarnadas’ têm, para já, de alcançar a fase de grupos e de superar as suecas do Hammarby, que foram “um bocadinho a ‘fava'” do sorteio, na “ótica” de Filipa Patão.
“Não ficámos tristes por nos ter calhado a ‘fava’. Eu considero sempre o contrário. São estes momentos que nos fazem provar que estamos preparados para a fase de grupos. Porque, se não passarmos esta equipa, é sinal de que não merecemos lá estar e não íamos ser competitivos”, comentou.
Nesse sentido, o Hammarby é “uma ‘fava’ boa” porque vai obrigar as ‘encarnadas’ a serem “melhores” e a estarem “ainda mais preparadas quando chegar o momento da fase de grupos”.
“Ainda bem que nos calharam estas equipas e não as do ano passado. O que é que serve ganharmos por seis, ganharmos por sete? A nós, interessa-nos ter jogos internacionais competitivos que nos façam dizer: sim senhor, passámos, fomos consistentes, não fomos, o que é temos de melhorar”, comentou Filipa Patão.
O Benfica vai defrontar o Hammarby, após eliminar, na primeira ronda, o Nordsjaelland (3-1) e o SFK 2000 Sarajevo (4-0).
Em 2023/24, o Benfica tornou-se o primeiro clube português a ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões, na qual tinha sido eliminado em 2021/22 e 2022/23, ao ser segundo colocado do Grupo A, atrás do futuro bicampeão FC Barcelona, mas à frente das alemãs do Eintracht Frankfurt e das suecas do Rosengard.
As ‘encarnadas’ cairão nos ‘quartos’ frente ao Lyon, recordista de cetros europeus (oito), mas perderam nas duas mãos (1-2 na Luz e 1-4 em França).