As autoridades venezuelanas anunciaram este sábado a detenção de seis cidadãos estrangeiros que alegam ser suspeitos de conspiração para assassinar o Presidente do país, Nicolás Maduro. A notícia percorre a imprensa internacional.

Foi o ministro venezuelano do Interior, Diosdado Cabello, a anunciar a detenção dos cidadãos: dois espanhóis, três norte-americanos e um checo. Cabello disse que os espanhóis têm ligações ao Centro Nacional de Inteligência (CNI), os serviços secretos de Espanha. Já os norte-americanos classificou como “mercenários” ao serviço da CIA. Segundo Cabello, os americanos entraram em contacto com “mercenários franceses” colocados na Europa de Leste para participarem num plano para derrubar o Governo venezuelano e assassinar Maduro, a vice-presidente Delcy Rodríguez e a si próprio.

Ainda este sábado, o Governo de Madrid veio negar que os dois espanhóis em questão pertençam ao Centro Nacional de Inteligência (CNI). Fontes não identificadas do governo espanhol garantiram à agência de notícias espanhola, EFE, que os dois cidadãos detidos não pertencem ao CNI, mas não forneceram mais detalhes sobre as detenções.

Segundo a EFE, a embaixada de Espanha na Venezuela pediu ao Governo venezuelano o acesso aos dois detidos, com a intenção de verificar as respetivas identidades e nacionalidade para saber exatamente do que são acusados e “para que possam receber toda a assistência necessária”.

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Pai de um dos detidos diz que os dois espanhóis estavam de férias na Venezuela

Ao El Mundo, o pai de uma das vítimas diz que o filho e o amigo estavam “de férias na Venezuela”, quando no início do mês deixou de ter notícias. “Estava desaparecido numa viagem na Venezuela e agora está em Caracas, é tudo quanto sei”, disse, notando que ainda não sabe “sob que acusação ele [o filho] foi preso”. “Dei conta da sua ausência à empresa onde trabalha”, acrescenta, sem querer especificar a que se dedica o filho. “Não quero dar mais informação”.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA confirmou à agência Reuters que “um militar dos EUA” tinha sido detido na Venezuela. Mas o Departamento de Estado foi categórico a afirmar que os EUA não estavam envolvidos numa tentativa de destituir Maduro. “Quaisquer alegações de envolvimento dos EUA numa conspiração para derrubar Maduro são categoricamente falsas”, disse o porta-voz. “Os Estados Unidos continuam a apoiar uma solução democrática para a crise política na Venezuela”.

As detenções acontecem num momento em que as tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos e outros países ocidentais aumentaram muito nas últimas semanas. Maduro, que está no poder desde 2013, foi reeleito no final de julho, mas os resultados das eleições são contestados pela oposição, tendo levado a grandes protestos que causaram já mais de duas dezenas de mortos e cerca de 200 feridos.

Esta semana, Portugal foi um dos 49 países a assinar uma declaração conjunta nas Nações Unidas pedindo “o restabelecimento das normas democráticas na Venezuela”. Os signatários recordam que “é tempo de os venezuelanos iniciarem discussões construtivas e inclusivas para resolver o impasse eleitoral”, em referência às eleições presidenciais de 28 de julho, cujos resultados oficiais não foram reconhecidos por grande parte da comunidade internacional, que insiste na necessidade de o órgão eleitoral venezuelano publicar os resultados desagregados para demonstrar a vitória e pôr fim à crise, o que não aconteceu até à data.

Os signatários afirmam-se “gravemente preocupados com as denúncias de violações dos direitos humanos”, incluindo “prisões arbitrárias, detenções, mortes e negação de garantias judiciais, bem como táticas de intimidação contra a oposição democrática”.