As eleições parlamentares começaram esta quarta-feira em Caxemira, as primeiras na região desde que o executivo do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, retirou o estatuto de semiautonomia ao território de maioria muçulmana, em 2019.

Modi e aliados venceram eleições na Índia com maioria parlamentar

Assim que as urnas abriram, às 7h00, hora local (2h30 em Lisboa), os eleitores formaram longas filas em vários locais de voto em Srinagar, a principal cidade do território.

Cerca de 2,3 milhões de cidadãos do estado indiano de Jammu e Caxemira são chamados esta quarta-feira a escolher, entre 219 candidatos, 90 deles independentes, 24 representantes na Assembleia Legislativa estadual.

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As eleições realizar-se-ão num processo escalonado, em três etapas, com o governo a mobilizar dezenas de milhares de polícias e soldados paramilitares adicionais nos sete distritos do sul da região.

Esta quarta-feira será realizada a primeira fase das eleições, na quais poderão participar 123 mil jovens entre os 18 e os 19 anos, cerca de 28.300 pessoas com deficiência e 15.700 idosos com mais de 85 anos, de acordo com o jornal Hindustan Times.

As outras duas fases de votação decorrerão a 25 de setembro e a 01 de outubro. Os resultado são esperados em 08 de outubro.

Pela primeira vez, as autoridades da Índia limitaram o acesso dos meios de comunicação social estrangeiros às assembleias de voto e negaram credenciais de imprensa à maioria dos jornalistas que trabalham com a imprensa internacional.

Apesar das eleições, a assembleia local não terá praticamente quaisquer poderes legislativos, mas apenas um controlo nominal sobre a educação e a cultura.

A legislação para a região continuará a ser da competência do parlamento indiano, enquanto as decisões políticas serão tomadas em Nova Deli.

Os políticos locais têm exigido que o estado de Jamu e Caxemira seja restaurado o mais rapidamente possível para que a assembleia local possa voltar a ter plenos poderes legislativos.

A decisão de 2019 significou que Caxemira deixou de ser um estado federal da União Indiana e tem sido governada por um administrador nomeado por Nova Deli.

Foi então dividida em dois territórios, a Caxemira indiana propriamente dita e Ladaj, um enclave budista numa zona montanhosa que faz fronteira com a China.

O primeiro território inclui Jamu, a zona de maioria hindu, e Caxemira, a zona de maioria muçulmana, segundo a agência espanhola Europa Press.

A decisão de Modi foi vista pelos críticos como um ataque direto à minoria muçulmana, em mais um exercício supremacista do primeiro-ministro hindu ultranacionalista.

A soberania da região é disputada pela Índia e pelo Paquistão desde a independência do Reino Unido, em 1947.

A região foi alvo de duas guerras entre os dois países e é afetada pela ação de milícias separatistas islâmicas, num conflito que já custou a vida a mais de 45.000 pessoas desde a década de 1980.

A realização das eleições foi ordenada pelo Supremo Tribunal do país em dezembro.