Um dirigente do conglomerado taiwanês Formosa Plastics foi submetido a “controlo fronteiriço” ao entrar na China continental há 18 dias e ainda não pôde regressar a Taiwan, informaram esta quinta-feira as autoridades da ilha.
O Conselho de Assuntos Continentais (MAC, na sigla em inglês) de Taiwan, órgão responsável pelas relações com a China, disse que o homem de negócios, cuja identidade não foi divulgada, deixou o aeroporto de Songshan, em Taipé, no dia 1 de setembro, em direção ao aeroporto de Hongqiao, em Xangai, no leste do continente chinês, onde foi sujeito a uma inspeção à chegada.
Numa declaração escrita enviada à agência noticiosa estatal CNA, o MAC disse que, embora tenha sido libertado posteriormente, as autoridades chinesas impuseram ao executivo um “controlo fronteiriço” – tipo de medida que restringe a sua saída do país.
O dirigente não conseguiu até agora sair da China nem regressar a Taiwan, acrescentou o órgão.
O MAC disse que o governo taiwanês estava ciente do incidente e que, como o caso envolve a segurança pessoal da pessoa em causa e os desejos da família, não iria “dar mais pormenores” sobre o que aconteceu.
A entidade governamental esclareceu que o governo de Taiwan “prestará apoio” se a família do empresário solicitar assistência nesta situação.
O executivo trabalha para o Formosa Plastics, um conglomerado petroquímico fundado em 1954, que é uma das maiores empresas de Taiwan, com uma capitalização bolsista de 308,74 mil milhões de dólares taiwaneses (cerca de 8,66 mil milhões de euros).
De acordo com a Cross-Strait Exchanges Foundation, uma organização privada, com supervisão direta do governo de Taiwan, que se dedica à gestão de questões técnicas e comerciais com a China, o “controlo fronteiriço” é uma medida prevista no sistema jurídico chinês para resolver litígios de dívidas civis ou questões de propriedade privada.
Nos últimos meses, e em especial após a tomada de posse do líder de Taiwan, William Lai Ching-te, em 20 de maio, Taipé tentou sensibilizar os cidadãos para os riscos de viajar para a China, que aumentou o tom das ameaças contra aqueles que descreveu como secessionistas da ilha.
Em 27 de junho, Taiwan elevou o alerta de viagem para a China e os territórios semiautónomos de Hong Kong e Macau para o “nível laranja”, o segundo nível mais elevado, pouco depois de Pequim ter anunciado novas medidas para punir os apoiantes da independência da ilha, incluindo a pena de morte.
O porta-voz do MAC, Liang Wen-chieh, afirmou na altura que, nos últimos anos, se tinham registado “bastantes casos” de cidadãos taiwaneses “ilegalmente detidos, retidos ou interrogados” quando viajavam para a China continental, cujo governo considera a ilha – governada autonomamente desde 1949 — uma província sua.