Pode estar um furacão a caminho da Península Ibérica. O Isaac está neste momento a mais de 1700 km a oeste dos Açores e é ainda um ciclone tropical. Mas as previsões apontam para que se intensifique à medida que se desloca para leste e se transforme então num furacão de categoria 1 ao longo do dia de sábado. Nessa altura, o seu centro atingirá o norte do arquipélago, que está já sob alerta. Depois disso, tudo é uma incógnita: quer o percurso, quer a força. Os atuais modelos apontam para que se dirija para o continente e que perca intensidade, atingindo terra entre terça e quarta como uma tempestade tropical. Mas é ainda muito prematuro para fazer cenários e tudo pode acontecer.

Esta sexta-feira, o centro do ciclone tropical Isaac estava então a cerca de 1700 quilómetros a oeste da ilha das Flores. Como se desloca a 19 km/h, atingirá sobretudo as ilhas norte do arquipélago com  chuva intensa, vento muito forte (as rajadas podem ir até aos 80 km/h) e ondas que devem chegar a mais de 7 metros de altura. Depois, a incerteza é enorme. Tanto pode manter a trajetória e seguir mais para norte, como descer e atingir a zona centro e norte da península. Tudo dependerá do jato polar, do atual centro anticlónico ao largo das ilhas britânicas ou de qualquer outra tempestade que entretanto se possa formar a norte ou a sul do Atlântico.

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Neste momento, além do ciclone Isaac, que se formou no Atlântico central, há o furacão Helene, instalado no Golfo do México, que pode atingir a categoria 4 e causar danos catastróficos na Florida, e está em formação, ao largo de Cabo Verde, um outro possível ciclone. Todos eles são fenómenos tardios, quando a época dos furacões está prestes a terminar e foi muito menos intensa do que inicialmente se previa. Mas também começa a ser cada vez mais frequente que estes sistemas com origem tropical se aproximem das nossas latitudes. O último fenómeno do género, e o mais forte — o pior desde 1842 na Península Ibérica —, foi o furacão Leslie em 2019, que em Portugal deixou 61 desalojados e mais de 120 milhões em prejuízos (sobretudo na zona da Figueira da Foz).

Antes do furacão Leslie, o Vince, em 2005, e o temporal de 1842 foram os mais fortes a chegar a Portugal

Pelas projeções dos modelos meteorológicos e do Hurricane Center dos Estados Unidos, mesmo como apenas tempestade tropical, se evoluir nesse sentido, o Isaac pode chegar à Península Ibérica na terça ou quarta-feira. O que significa que depois da passagem do longo e raro rio atmosférico desta quinta-feira, cujo vapor de água tropical causou chuva intensa, e da depressão Aitor, a primeira da temporada, que aumentou a precipitação nestes dias, na próxima semana o Isaac trará de novo mais chuva.

Tempestade Aitor junta-se a rio atmosférico de 5 mil quilómetros. Vem aí chuva intensa, vento forte, mais frio e inundações

Até lá, teremos pelo menos dois dias de tempo mais fresco: esta sexta e sábado. Uma massa de ar polar marítimo, também a primeira deste outono, fará cair as temperaturas uns 6 a 7ºC . A partir de domingo, no entanto, tudo voltará ao normal em relação aos termómetros, com o calor a dar sinais de verão sobretudo no interior sul. Mas as previsões em relação ao impacto do Isaac, nona tempestade da temporada de furacões do Atlântico em 2024, são elevadas. Poderá tocar terra no continente no primeiro dia de outubro e ir embora logo no dia seguinte, dia 2, mas deixar novamente chuvas muito intensas (além de vento e agitação marítima).