A Polícia Metropolitana de Londres apela a que as potenciais vítimas de abusos sexuais por parte do empresário Mohamed Al-Fayed contactem as autoridades. O pedido é feito através de um comunicado, divulgado esta quinta-feira, e após a publicação de um documentário da BBC, que denunciou alegados crimes cometidos entre 1979 e 2013.
Mohamed Al-Fayed, dono dos armazéns Harrods e pai do produtor de cinema que morreu com a Princesa Diana em Paris, foi acusado de violações e de comportamentos sexuais impróprios. Algumas das vítimas seriam funcionárias das lojas Harrods, com alegados crimes que ocorreram tanto no Reino Unido como no estrangeiro. Até agora, a polícia recebeu 19 denúncias, 15 delas sobre agressão sexual e uma sobre tráfico.
A Polícia Metropolitana reconhece “o passo significativo que muitas pessoas já deram ao reportar as alegações”, mas diz que é “necessário garantir que qualquer vítima sobrevivente que denunciou abusos ou que está a ponderar fazê-lo tem a confiança e capacidade” para contactar a polícia.
Porém, as autoridades deixam claro que “não é possível avançar com um processo penal contra alguém que já morreu”. Mohamed Al-Fayed morreu em setembro de 2023, aos 94 anos e a polícia sublinha que “não há perspetiva de qualquer condenação” ligada ao empresário. No entanto, querem garantir que “exploram totalmente se há outros indivíduos que podem ser julgados por outras ofensas criminais”.
Multimilionário Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi, morre aos 94 anos
A Polícia Metropolitana explica que está a estabelecer contactos com várias pessoas, incluindo advogados que representam vítimas que contaram a sua história aos media, “para garantir que têm a oportunidade” de reportar informações às autoridades. É especificado que os contactos vão ser assegurados por “especialistas com experiência em lidar com ofensas sexuais”.
“Reconhecemos o significado de quaisquer alegações feitas contra Mohamed Al-Fayed e o impacto que isto teve nas pessoas afetadas”, diz o comandante Stephen Clayman, em comunicado. “É vital que quaisquer vítimas tenham uma voz e sejam capazes de reportar quaisquer alegações se ainda não foram feitas antes e que saibam que vão ser levadas a sério.”
“Compreendo que durante muitos anos muitas pessoas procuraram respostas em relação a este caso”, continua Clayman. A Polícia Metropolitana promete fazer atualizações sobre o progresso destas denúncias.
Harrods, a loja de departamento de Al-Fayed, pede “profundas desculpas”
Mohamed Al-Fayed, que nasceu no Egito e chegou a Inglaterra nos anos 60, comprou as lojas de departamento Harrods na década de 80. Após surgirem as notícias sobre o alegado comportamento de Al-Fayed, a empresa pede agora “profundas desculpas” às funcionárias vítimas do alegado abuso do empresário.
Michael Ward, que lidera o Harrods desde 2005, diz que Al-Fayed “presidiu a uma cultura tóxica de secretismo, intimidação, medo de repercussões e má conduta sexual”. Em declarações citadas pela Associated Press, Ward lamenta que a empresa tenha “falhado às colegas” e que está a ser feito um “processo para acordos” com as vítimas de Al-Fayed.
“Isto foi um período vergonhoso na história do negócio”, salienta Ward, que diz que “o Harrods de hoje é irreconhecível do Harrods sob a liderança de Al-Fayed”.