O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, defendeu esta sexta-feira a importância de Portugal ter um pacto nacional para a floresta, porque o país tem de agir, não pode “andar sempre a dizer o mesmo depois das tragédias”.
“Nós não podemos andar sempre a dizer o mesmo depois das tragédias, nós temos que fazer”, realçou o governante, em declarações aos jornalistas, em Moura, no distrito de Beja, à margem de uma conferência.
O Governo, afiançou José Manuel Fernandes, já estava a trabalhar num plano para a área da floresta, mas, agora, devido aos incêndios ocorridos nas regiões Norte e Centro do país, vai ser dado outro ritmo a esse mesmo trabalho.
“Já estávamos a trabalhar nele e, agora, terá de ser acelerado” para ser possível criar “um pacto nacional para a floresta”, disse, argumentando que “o prazo dos 90 dias” para concluir este trabalho “é duro”, mas só há uma opção: “Vamos cumpri-lo”.
De acordo com uma resolução aprovada em Conselho de Ministros, na quinta-feira, o ministro da Agricultura tem de apresentar, dentro de três meses, este plano de ação para a floresta, com o objetivo de “dar valor” ao setor e prevenir incêndios rurais.
No final da reunião do Conselho de Ministros, realizada na quinta-feira, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, disse que o plano que vai ser desenvolvido por José Manuel Fernandes vai conter “uma estratégia” para “valorizar a floresta”.
Nas declarações prestadas esta sexta-feira aos jornalistas, à margem da conferência comemorativa dos 70 anos da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, em cuja sessão de abertura participou, o ministro da Agricultura indicou que este pacto nacional para a floresta vai definir “um cronograma em termos de investimentos” ou “legislação que deve ser alterada”.
“E há muitos fatores que contribuem para os incêndios“, lembrou, argumentando que é preciso olhar também para o emparcelamento de terras e, “antes disso”, para o cadastro.
O governante destacou ainda que “a floresta tem que ter rentabilidade“, ou seja, “tem uma dimensão económica e, obviamente, também social e ambiental”, pelo que é preciso esta visão combinada neste setor.
Já na quinta-feira, o ministro Manuel Castro Almeida argumentou que é necessário “valorizar os produtos florestais, dar rendimento aos produtores florestais”, pois é convicção do executivo de que é “por aí que passa o combate aos incêndios”.
Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios que atingiram na passada semana, sobretudo, as regiões Norte e Centro de Portugal. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos nos fogos.
Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.