A revista anarquista A Ideia, fundada em Paris pelo sociólogo João Freire, cumpre 50 anos e a data é assinalada com uma exposição, a partir do dia 10, na Biblioteca Nacional, em Lisboa.
De acordo com a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), a exposição “Revista A Ideia — 50 anos” contará com exemplares das edições feitas ao longo deste meio século, com livros, cartazes e exemplares de outras publicações libertárias, como o jornal A Batalha, e provenientes de outros países.
A exposição, que fica patente até 14 de dezembro, tem curadoria de António Cândido Franco e do próprio João Freire, sociólogo e professor catedrático jubilado do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Em paralelo, estão previstas várias iniciativas, nomeadamente um debate sobre as “Heranças de maio de 68”, dois filmes com testemunhos de membros do grupo editor d’A Ideia e de antigos militantes anarcossindicalistas, e o lançamento do mais recente número da publicação.
A Ideia foi fundada em abril de 1974 por João Freire, em Paris, onde era, então, operário metalúrgico.
Segundo nota da BNP, A Ideia foi herdeira, “de certa maneira, do espírito de ‘maio de 68′”, e a partir de 1975 procurava “compatibilizar a herança dos antigos anarquistas sindicalistas do tempo da República e da Ditadura” com “as atitudes contestatárias da juventude escolarizada de então”.
Nos anos 1980, a publicação alargou o interesse a “novos campos sociais do feminismo, da ecologia e do pacifismo” e em 2013, sob a orientação do investigador António Cândido Franco, assumiu-se como revista de cultura libertária.
No número publicado em 2013, António Cândido Franco lembrava o espírito independente e livre da A Ideia: Começou por ser “um desdobrável publicado em Paris”, que evoluiu depois para “um caderno agrafado, de capa cartonada” e que, anos depois, ganhou “volume e composição profissional”.
A Ideia, escreveu António Cândido Franco, “nasceu com dois cromossomas distintos, um revolucionário, concorde com a mudança que se vivia em Portugal no horóscopo do seu nascimento, a Revolução dos Cravos, e outro menos ativista e militante, reflexivo e indagador, aberto à inovação”.
João Freire, 81 anos, doutorado em Sociologia, é professor aposentado do ISCTE, e esteve também na fundação do Arquivo Histórico-Social. Entre as obras publicadas contam-se, entre outros, “Anarquistas e operários”, “Sociologia do Trabalho: Uma Introdução” e “Um projeto libertário, sereno e racional”.