Numa parte do discurso do 5 de Outubro dedicada ao tema da imigração, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou, na manhã deste sábado, que os serviços da autarquia conseguiram encontrar alojamento para todas as pessoas em situação de sem abrigo concentradas junto à Igreja dos Anjos. Os 56 sem-abrigo que viviam em tendas foram transferidos para unidades de alojamento, avançou o portal SAPO e confirmou o Observador junto de fonte da Câmara de Lisboa.

“Resolvemos uma das situações mais graves durante estes três anos de mandato. Ontem conseguimos arranjar um teto para todas as pessoas que estavam na Igreja dos Anjos, em Arroios”, disse o presidente da Câmara de Lisboa, acrescentando que várias equipas da autarquia trabalharam neste processo, para dar aos 56 sem-abrigo “espaço” e “dignidade”, alojando-os, de seguida, em unidades de alojamento da cidade.

A retirada das pessoas, que viviam no jardim junto à Igreja dos Anjos, foi realizada através de uma ação consertada da Polícia Municipal, do serviço de Higiene Urbana e do serviço de ação social. Em declarações à SIC, a presidente da Junta de Freguesia de Arroios esclareceu que a retirada dos sem-abrigo, de várias nacionalidades, decorreu de forma “tranquila” e “pacífica”. Madalena Natividade garantiu que ação “já estava planeada há muito tempo” e realçou que, exatamente por “ser uma ação consertada e planeada teve um resultado positivo”.

“As pessoas que estavam na rua em condições indignas foram alojadas num sítio com dignidade. Foi a resposta que se conseguir dar para retirar as pessoas da rua”, vincou a presidente da Junta de Freguesia de Arroios. Ao final da noite desta sexta-feira, a Junta publicou nas suas páginas do Facebook e Instagram um vídeo que mostra o jardim da Igreja dos Anjos já sem nenhuma tenda montada.

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Segundo Madalena Natividade, as pessoas em situação de sem-abrigo ficarão alojados em pensões por tempo indeterminado, naquela que, diz, é a primeira fase de um plano de integração. “Estas pessoas serão acompanhadas pelos técnicos de ação social e terão o tempo necessário para que se arranje uma outra resposta. Numa primeira fase, há um plano de trabalho e de inclusão”, esclareceu a presidente da Junta de Arroios.

Minutos depois, em declarações à rádio Observador, a presidente da Junta de Freguesia de Arroios sublinhou que “cada pessoa é um caso” e que o objetivo é que a “situação [dos sem-abrigo] seja resolvida o mais rápido possível”. “Ficarão [nos alojamentos] o tempo necessário para que seja feito o acompanhamento social”, disse Madalena Natividade, acrescentando que o presidente da Câmara de Lisboa “acompanha de perto o processo”.

Já os custos do alojamento dos 56 sem-abrigo ficam a cargo da Câmara de Lisboa, que até agora não revelou quanto prevê gastar com esta ação. Já esta tarde, em declarações aos jornalistas em Lisboa, Carlos Moedas recusou revelar o custo da operação de realojamento. “A minha última preocupação é o custo. Vamos pagar até conseguirmos encontrar uma solução”, assegurou o autarca.

O presidente da Câmara de Lisboa lembrou que os sem-abrigo estavam naquele local porque muitos “nem sequer tinham documentos, não estavam sequer contabilizadas na imigração” e falou das reação dos sem-abrigos à transferência para alojamentos pagos pela autarquia. “Estive lá com muitas destas pessoas que me diziam que nunca tinham sido tratadas assim. Diziam-me ‘Estávamos aqui abandonados’. Portanto, agora conseguimos um teto, estão colocados em pensões e hotéis. É preciso tratar as pessoas com dignidade. Resolvemos o que ainda ninguém tinha resolvido. Era uma situação com a qual eu me revoltava todos os dias”, vincou Carlos Moedas, acrescentando que, a partir de agora, a Câmara de Lisboa vai coordenar-se com a Agência para a Integração Migrações e Asilo e com a Santa Casa da Misericórdia.

Numa primeira fase foram retiradas do Jardim da Igreja dos Anjos 30 pessoas, e, esta sexta-feira, outros 56 sem-abrigo.

Nota: artigo atualizado às 16h15, com declarações de Madalena Natividade à Rádio Observador e às 16h40 com as declarações de Carlos Moedas, esta tarde