Centenas de professores e educadores estiveram este sábado concentrados no Rossio, em Lisboa, para participar numa manifestação que assinala o Dia Mundial dos Professores e que serviu também para recordar algumas reivindicações da classe. No final, prometeram voltar a concentrar-se dentro de duas semanas (no dia 17 de outubro) em frente ao ministério da Educação
A concentração estava marcada para as 14h30, mas às 15h continuavam a chegar professores de todo o país que vão desfilar até ao Largo de Camões, para recordar o Governo que ainda há “muito para fazer na carreira docente”, contou à Lusa Teresa Fonseca, uma docente, que saiu de manhã cedo do Porto para participar na iniciativa. Muitos dos presentes envergaram t-shirts pretas dizendo “Professores em Luta” e cartazes verdes pedindo a “valorização” da profissão através de uma “carreira atrativa”, “horários adequados”, “concursos por graduação” e “apoios para todos”.
Uma redução da idade da reforma, que os professores resumem em “aposentação justa”, e uma gestão democrática das escolas são outras das reivindicações que voltaram a mobilizar milhares de doentes no Dia Mundial do Professor.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), estrutura sindical afeta à CGTP e que promoveu a iniciativa, pretende que este sábado seja um dia de celebração, mas também de recordar as posições e propostas dos docentes para os processos negociais que se preveem, nomeadamente o debate e votação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
No encontro, o líder da federação, Mário Nogueira, defendeu que é preciso criar uma carreira mais atrativa que mantenha os que ainda estão nas escolas e que atraia os jovens e os que optaram por abandonar a profissão antes do tempo.
Uma carreira “mais curta” e com salários mais altos foram duas das medidas defendidas pelo secretário-geral da Fenprof, que acredita que assim a profissão será “mais atrativa para os jovens”. Mário Nogueira defendeu um regime de avaliações sem quotas e lembrou que é preciso acabar com as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, que impedem milhares de profissionais de progredir na carreira.
Os professores, pela voz de Mário Nogueira, voltaram a pedir um horário de trabalho de 35 horas semanais, lembrando que os docentes estão sobrecarregados com tarefas que exigem muitas horas de trabalho que acaba por ser roubado ao tempo de descanso.
A falta de professores terá de ser resolvida, antes de mais, com os que existem, evitando novos abandonos e recuperando quem saiu precocemente”, defendeu.
Para o líder da Fenprof, a solução poderá passar pela revisão do Estatuto da Carreira Docente, cujas negociações começam a 21 de outubro, uma vez que acredita que este diploma será a “peça-chave” para valorizar a profissão e torná-la atrativa.
A 17 de outubro, os professores voltam a concentrar-se, mas desta vez será em frente ao Ministério da Educação, para contestar as regras de atribuição de uma verba aos professores que ficam colocados longe de casa numa das escolas que estão identificadas como tendo uma falta sistemática de docentes.
Para a Fenprof, a verba atribuída é baixa e deveria ser aplicada a todos os docentes e não apenas àquelas que ficam colocados num dos 234 agrupamentos com mais alunos sem aulas. A medida anunciada pela tutela prevê que os professores colocados nas escolas dos restantes 574 agrupamentos não tenham direito a esse apoio financeiro, o que para a Fenprof é uma “discriminação”.
Antes disso, já na próxima semana, a Fenprof leva a cabo um plenário nacional online, para debater esta questão do apoio extraordinário atribuído a quem fica colocado longe de casa numa escola onde há mais alunos sem aulas.
*Notícia atualizada às 18h50 com a indicação de que os professores marcaram uma nova manifestação, para dia 17 de outubro