Christopher Ciccone, irmão mais novo da cantora Madonna, morreu esta sexta-feira, avança a imprensa norte-americana. O artista, designer, coreógrafo e bailarino ficou conhecido do grande público por ter escrito um livro de memórias sobre a sua relação tumultuosa com a rainha da pop. A Associated Press cita um comunicado de um representante do artista, que aponta o cancro como causa da morte. Christopher Ciccone tinha 63 anos.
“Em muitos aspetos, Christopher foi o membro mais importante e firme do primeiro círculo íntimo de Madonna”, diz Mary Gabriel, autora de Madonna: A Rebel Life, uma biografia da cantora, ao The New York Times.
Ciccone esteve com Madonna desde o princípio e, ao longo dos anos, assumiu diversas funções nos bastidores da carreira da irmã. Foi backup dancer quando esta cantava em discotecas, coreografou o videoclipe de “Everybody”, o primeiro single da cantora, em 1982, foi diretor artístico da Blond Ambition Tour, em 1990, e da The Girlie Show, em 1993. Trabalhou também como designer de interiores e foi responsável pela decoração de diversas propriedades de Madonna em Nova Iorque, Miami e Los Angeles.
Numa publicação nas redes sociais este domingo, Madonna recorda o irmão, lembrando o seu valioso apoio numa carreira da qual não pode ser descolada a importância do sentido estético. “Quando se tratava de bom gosto, o meu irmão era o Papa, e era preciso beijar o anel para ter a sua bênção. Desafiámos a Igreja Católica Romana, a Polícia, a moralidade e todas as figuras de autoridade que se metessem no caminho da liberdade artística! O meu irmão estava mesmo ao meu lado. Era um pintor, um poeta e um visionário. Admirava-o. Tinha um gosto impecável”, escreve a cantora no Instagram. “Devorámos a Arte, a Música e o Cinema como animais esfomeados. Estávamos no epicentro da explosão de todas estas coisas”, continua.
Pese embora a colaboração artística permanente nas duas primeiras décadas da carreira da cantora, a relação entre os dois nem sempre foi pacífica. Em 2008, Christopher lançou a autobiografia Life With My Sister Madonna, onde expôs detalhes da convivência com a irmã, o que resultou num afastamento temporário entre ambos. Anos depois, reconciliaram-se. Em entrevista à CBS News, em 2012, Christopher acabaria por dizer: “Não me arrependo de ter escrito o livro. Isso permitiu que as pessoas me vissem como um criativo, um artista, e não apenas como o irmão da Madonna”.
“É difícil explicar a nossa ligação”, assume Madonna na publicação de despedida. “Subimos juntos às maiores alturas e tropeçámos nos pontos mais baixos. De alguma forma, encontrávamo-nos sempre um ao outro e dávamos as mãos e continuávamos a dançar”, continua.
No longo texto partilhado, a cantora recorda o tempo em que estiveram afastados, e como a doença do irmão os aproximou no fim. “Os últimos anos não têm sido fáceis. Não nos falámos durante algum tempo, mas quando o meu irmão ficou doente encontrámos o caminho de volta um para o outro. Fiz o meu melhor para o manter vivo o máximo de tempo possível. Ele estava a sofrer muito no final”, conta. “Mais uma vez, demos as mãos, fechámos os olhos e dançámos juntos. Estou contente por ele já não estar a sofrer. Nunca haverá ninguém como ele. Sei que ele está a dançar algures.”
Segundo o jornal The Guardian, nos últimos anos, Ciccone tinha-se mudado para o estado do Michigan, EUA, para estar mais perto da família. Desde 2016, que Ciccone era casado com Ray Thacker, um ator britânico, que estava ao seu lado quando morreu, nota o diário britânico.
É a terceira morte em pouco tempo para Madonna, que perdeu a madrasta, Joan Clare Ciccone, vítima de cancro, há poucas semanas, e o irmão mais velho, Anthony Ciccone, no início de 2023.