Os bombeiros sapadores de Lisboa vão manter-se em greve até pelo menos final do mês, apesar da intenção manifestada pelo Governo no Orçamento para 2025 de rever o estatuto destes profissionais, disse esta sexta-feira à agência Lusa fonte sindical.

Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) entregue na quinta-feira, na Assembleia da República, o Governo pretende rever as remunerações e as novas regras para a aposentação dos bombeiros sapadores no primeiro trimestre do próximo ano.

“Reconhecendo-se a necessidade e oportunidade de revisão da carreira dos profissionais bombeiros sapadores, urge regulamentar a carreira, que carece de adaptação e adequação, com revisão das remunerações e das novas regras para a aposentação, a implementar no primeiro trimestre de 2025, e tendo presente que se trata de uma atividade profissional de proteção civil”, lê-se na proposta.

Questionado esta sexta-feira pela Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Nuno Almeida, considerou positiva a intenção do Governo, mas ressalvou que se trata “apenas de uma declaração de intenções”.

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É uma declaração de intenções que deixa os bombeiros na esperança de que vá acontecer alguma alteração. Proposta de alteração concreta não conhecemos nenhuma. O que está escrito mantêm apenas um conjunto de intenções”, apontou.

Nuno Almeida referiu que a intenção do Governo já tinha sido transmitida ao STML em 27 de setembro, durante uma reunião com o secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território e o secretário de Estado da Proteção Civil, mas isso não evitou as ações de luta dos bombeiros.

“Até que haja uma proposta concreta e passível de ser discutida e melhorada, o plano de luta vai continuar, pelo menos da nossa parte e imagino das outras estruturas sindicais que representam os bombeiros”, sublinhou.

Os bombeiros sapadores de Lisboa iniciaram em 1 de outubro uma greve de um mês para exigir a revisão do Estatuto de Pessoal dos Bombeiros Profissionais da Administração Local, nomeadamente a revisão da tabela remuneratória.

O reconhecimento da carreira de bombeiro sapador como profissão de desgaste rápido é outra das reivindicações, assim como a revisão do regime de aposentação.

Na semana passada, centenas de bombeiros sapadores manifestaram-se junto à Assembleia da República, tendo derrubado as grades de proteção ao edifício e ocupado a escadaria durante três horas, além de terem rebentado petardos e queimado pneus.

Entre as exigências estão os aumentos salariais, subsídio de risco semelhante ao atribuído às forças de segurança e revisão do estatuto.