O líder do PS acredita que “é muito mau para a democracia” achar “normal haver eleições se um orçamento for chumbado”. Pedro Nuno Santos discorda da leitura, ainda que reconheça que “não é desejável” ter um orçamento em duodécimos e, em entrevista ao JN e à TSF, volta a empurrar a pressão de um eventual chumbo para o Presidente da República e para o primeiro-ministro. E não se compromete com uma saída, avisando que se OE passar à especialidade, o Governo não vai poder dizer — como disse — que a margem negocial é zero.
Depois de falhado o acordo com o Governo para a viabilização, o líder socialista continua a não descartar que o Orçamento passe e se isso acontecer vai já avisando o Governo que “é excessivo” dizer que a margem para aceitar propostas de alteração “é zero”. A afirmação feita pelo ministro das Finanças no dia da conferência de imprensa em que apresentou a proposta de Orçamento do Governo, não é bem acolhida pelo líder do PS que nesta entrevista: “Dizer-se que a margem é zero parece-me excessivo para quem não tem uma maioria absoluta no Parlamento…”
Já se o caminho for o do chumbo do Orçamento, a posição socialista é que uma governação com o Orçamento de 2024 em duodécimos durante o próximo ano “não é desejável”, embora também diga que “não tem a gravidade que alguns dizem” e que o PRR não veria a sua execução prejudicada já que “a lei de enquadramento orçamental já prevê que a execução do PRR e dos fundos comunitários não seja prejudicada pela ausência de um Orçamento. Portanto, é uma falsa questão”, afirma Pedro Nuno Santos.
Quanto a haver eleições, o socialista diz que não é uma exigência e defende até a necessidade de “uma reflexão importante” sobre “desligar o Orçamento da queda de um Governo”. “Não há nenhuma relação direta entre o chumbo de um Orçamento e eleições. E nós temos todos, ao longo das últimas décadas, em Portugal, alimentado isso. Não é bom”, disse dando o exemplo de Espanha. E remata com a pressão de sempre sobre Presidente da República e primeiro-ministro ao dizer que só há eleições se os dois quiserem.
Na entrevista Pedro Nuno ainda dá garantias de normalidade interna, apesar de o partido estar dividido sobre o que fazer neste Orçamento e disso ter sido bem audível na última semana, não só em reuniões partidárias como em declarações públicas. Ainda que proclame a normalidade desta diversidade de opiniões, este fim de semana o líder socialista apareceu a avisar para os riscos da “discórdia” interna e a avisar dirigentes que comentam no espaço mediático: “Que nenhum socialista se engane e faça o jogo da AD”.