Depois de ontem ter pedido aos militantes do Partido Socialista, com acesso ao espaço mediático, que desçam do pedestal, Pedro Nuno Santos reforçou este domingo em Coimbra a importância de o Partido ter uma “só voz publicamente” — afirmações que irritaram alguns membros do partido, como o histórico Vieira da Silva.
“Estou estupefacto”, reagiu o socialista Vieira da Silva à Rádio Observador. “As pessoas que falam não falam em nome do partido. Quando falam em nome do partido têm que o dizer como tal. Agora, os militantes do Partido Socialista não estão impedidos. Não pende sobre eles nenhuma espécie de norma de silêncio, isso não é próprio na democracia”, afirmou o ex-ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“A minha opinião é livre, sempre foi e sempre continuará a ser, e sempre continuarei a ser militante do Partido Socialista.”
No discurso deste domingo, Pedro Nuno Santos, pediu “sentido de responsabilidade” aos membros do partido que têm comentários no espaço público. “É muito importante que todos os militantes, nomeadamente aqueles que têm acesso ao espaço mediático, tenham o sentido de responsabilidade e dever de pertencerem a um partido, terem consciência de que pertencem a esse partido, que não são comentadores como os outros e que isso implica que nós tenhamos respeito pelo partido e por todos os militantes”, disse o líder socialista. “O PS só estará à altura do combate se cada um assumir as responsabilidades de unir e intervirmos a uma só voz publicamente”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos reforçou também como este nunca seria um orçamento de Estado do PS. E voltou à carga sobre o papel dos militantes socialistas no espaço público. “É bom que ninguém se engane sobre isto, nem fora nem dentro do PS. Aqueles que no nosso partido têm acesso à televisão precisam mais vezes de descer do pedestal e de estar com o partido, sentir o partido, com os militantes”, disse. “Se o fizerem vão perceber rapidamente que não há um único militante do PS que goste de ver dirigentes do PS a fazer o jogo da direita, o jogo do governo.”