O percurso? Três jornadas, três vitórias. O objetivo? Quatro jornadas, quatro vitórias. Portugal entrava no jogo contra a Escócia com a possibilidade de se qualificar desde já para os quartos de final da Liga das Nações, na primeira edição em que a competição terá a ronda, e embora não dependesse apenas do próprio resultado tinha a noção clara de que a prioridade era sair de Glasgow com 12 pontos em 12 possíveis.

A Seleção Nacional defrontava a Escócia dias depois da vitória na Polónia, numa exibição globalmente elogiada e sublinhada como uma das melhores da era Roberto Martínez, e sabia que podia seguir desde já em frente em conjugação com o resultado da mesma Polónia. Para isso, era preciso ganhar aos escoceses e esperar que os polacos não vencessem a Croácia, sendo que o empate bastava se a Polónia perdesse com os croatas.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Escócia-Portugal, 0-0

Fase de grupos da Liga das Nações

Hampden Park, em Glasgow (Escócia)

Árbitro: Lawrence Visser (Bélgica)

Escócia: Craig Gordon, Anthony Ralston (Nicky Devlin, 89′), John Souttar, Grant Hanley, Andy Robertson, Billy Gilmour, Kenny McLean, Ryan Christie (Ryan Gauld, 67′), Scott McTominay, Ben Doak (Lewis Morgan, 67′), Ché Adams (Lyndon Dykes, 83′)

Suplentes não utilizados: Jon McCracken, Kevin Nisbet, Ryan Porteous, Robby McCrorie, Jack MacKenzie, Liam Lindsay, Andy Irving, Connor Barron

Treinador: Steve Clarke

Portugal: Diogo Costa, João Cancelo (Nélson Semedo, 88′), António Silva, Rúben Dias, Nuno Mendes, João Palhinha (Rúben Neves, 61′) Bruno Fernandes (João Félix, 88′), Vitinha, Francisco Conceição (Rafael Leão, 61′), Cristiano Ronaldo, Diogo Jota (Bernardo Silva, 61′)

Suplentes não utilizados: Rui Silva, Ricardo Velho, Renato Veiga, Diogo Dalot, Otávio, João Neves, Francisco Trincão

Treinador: Roberto Martínez

Golos: nada a registar

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diogo Jota (18′), a João Palhinha (50′), a Rúben Dias (83′), a Bernardo Silva (90+5′)

Mas o selecionador nacional, até pela memória recente da vitória arrancada a ferros na Luz há cerca de um mês, não dava o encontro como favas contadas. “No jogo de Lisboa vimos que são uma equipa competitiva, que dá tudo até ao fim. Contra a Polónia sofreram um penálti aos 90+4′ e contra a Croácia também só sofreram nos últimos minutos. É uma equipa física, rápida e que pode utilizar a bola parada. Acho que os resultados não mostram o que a Escócia fez até agora. O objetivo é chegar à quarta vitória. Já falei do desafio de jogarmos dois jogos fora de casa em 72 horas e esse é um desafio importante. Temos 26 jogadores muito focados, mais um treino e bom tempo, que não esperávamos. O foco e o trabalho até agora foi muito bom”, explicou Roberto Martínez na antevisão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Neste contexto, esta terça-feira, o treinador espanhol mudava seis jogadores face à equipa que defrontou a Polónia, apostando na titularidade de João Cancelo, António Silva, João Palhinha, Vitinha, Diogo Jota e Francisco Conceição. Pedro Neto, Samú Costa e Tomás Araújo ficavam de fora — com o central do Benfica a falhar os dois jogos, depois de substituir Gonçalo Inácio na convocatória, devido a um traumatismo na grelha costal. Do outro lado, numa Escócia que tinha três derrotas em três jornadas e uma única vitória nos últimos 15 jogos, Steve Clarke tinha Ché Adams como referência ofensiva, apoiado por Ben Doak, McTominay e Ryan Christie, sendo que o ex-Sporting e Farense Ryan Gauld começava no banco.

A Escócia começou o jogo com a mesma lógica da exibição do Estádio da Luz, procurando surpreender Portugal nos minutos iniciais e aplicar desde logo uma pressão alta que lhe permitia estar com algum conforto no meio-campo contrário. McTominay teve a primeira grande oportunidade, com um cabeceamento na área que Diogo Costa encaixou (4′), mas Cristiano Ronaldo respondeu com um pontapé rasteiro que Craig Gordon defendeu (8′) e mudou o espírito das ocorrências.

Ultrapassadas as dificuldades iniciais, principalmente sem o golo sofrido de forma embrionária como tinha acontecido há um mês, Portugal cresceu no jogo e beneficiou de minutos de verdadeiro domínio. Nuno Mendes teve a melhor ocasião dessa fase, com um livre direto na direita que Gordon afastou (25′) já depois de Christie forçar Diogo Costa a outra defesa simples (20′), mas a verdade é que a superioridade portuguesa nunca se materializou em oportunidades consecutivas.

A Seleção tinha muita posse de bola, estava quase sempre no meio-campo adversário e construía com uma linha de três atrás, sendo que João Cancelo e Nuno Mendes subiam muito nos corredores e era João Palhinha a recuar para encaixar em Rúben Dias e António Silva. Ainda assim, Vitinha aparecia sempre muito sozinho no meio, com Portugal a ver-se forçado a lateralizar o jogo e a procurar os cruzamentos, algo que não favorece os atributos da equipa.

O controlo português tornou-se mais claro nos últimos minutos da primeira parte, com remates de Diogo Jota (37′), Ronaldo (41′) e Vitinha (43′), mas já nada mudou até ao intervalo. A Seleção Nacional ia beneficiando do total desinteresse ofensivo da Escócia, que a partir da meia-hora abdicou de atacar e passou a oferecer por completo a iniciativa ao adversário, mas tinha dificuldades para criar verdadeiras oportunidades e ultrapassar o bloco defensivo da equipa de Steve Clarke.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e Portugal poderia ter inaugurado o marcador logo nos instantes iniciais, com Ronaldo a cabecear por cima depois de um cruzamento de Jota na esquerda (48′) e Conceição a atirar também por cima depois de um passe do mesmo Ronaldo (51′). A lógica mantinha-se, com a Seleção a ter mais bola e a Escócia a não ter qualquer problema na hora de se remeter ao próprio meio-campo, mas o golo não surgia e o jogo arrastava-se feio e desinteressante.

Roberto Martínez mexeu por volta da hora de jogo, lançando Bernardo, Rúben Neves e Rafael Leão para tirar Francisco Conceição, João Palhinha e Diogo Jota, e Nuno Mendes regressou à fórmula do encontro anterior ao integrar o trio mais recuado. Steve Clarke respondeu com Lewis Morgan e Ryan Gauld e Portugal mantinha-se francamente desinspirado, sem capacidade para criar situações de perigo ou sequer fazer remates enquadrados.

Bruno Fernandes teve a melhor oportunidade da segunda parte com um remate de primeira que Gordon defendeu à segunda (88′), Roberto Martínez ainda deu minutos a João Félix e Nélson Semedo nos últimos instantes, mas já nada mudou — ou propriamente aconteceu, com os escoceses ainda terem ainda alguns contra-ataques inconsequentes e os portugueses a acumularem cruzamentos inexplicáveis.

No fim, Portugal não conseguiu mesmo desbloquear o bloco ultra-defensivo da Escócia e não foi além de um empate sem golos em Glasgow, mantendo a sina de nunca ter vencido qualquer jogo oficial no país. A Seleção Nacional adiou o apuramento para os quartos de final da Liga das Nações, porque a Polónia empatou com a Croácia, e falhou desde já o pleno de vitórias na fase de grupos apesar de manter a liderança do Grupo 1 da Liga A.