O antigo secretário de Estado dos Transportes e Comunicações da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, propôs esta sexta-feira ao Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló o adiamento das eleições legislativas que marcou para 24 de novembro.

Em carta dirigida a Sissoco Embaló a que a Lusa teve acesso, Bernardo Vieira, advogado de profissão e antigo porta-voz do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), defende que realizar eleições no atual contexto político não seria benéfico para o país.

O político, atualmente incompatibilizado com a direção do PAIGC, é de opinião de que a Guiné-Bissau “atravessa um momento bastante conturbado” marcado por divisão política e social, incluindo as instituições do Estado.

João Bernardo Vieira diz que as divisões se sentem ao nível da Comissão Nacional de Eleições (CNE), no Supremo Tribunal de Justiça e nos principais partidos políticos.

“Este quadro não se afigura promissor de um processo eleitoral isento de contestações”, defende Bernardo Vieira, antevendo mais instabilidade se as eleições forem realizadas em novembro próximo.

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Vieira propõe a Umaro Sissoco Embaló, enquanto “primeiro magistrado da Nação e garante do normal funcionamento das instituições” da República, que adie as eleições legislativas e abra “um processo de diálogo nacional” com todos os atores políticos e a sociedade civil.

O político considera ser necessário criar “um clima propício e conducente à realização de eleições transparentes, livres e justas” com a participação de todos.

Nos últimos tempos, João Bernardo Vieira tem estado nas regiões do interior da Guiné-Bissau na divulgação de uma iniciativa sua que chamou de Paz e Reconciliação Nacional.

Na sua carta ao Presidente, Vieira deu conta da iniciativa e exortou Umaro Sissoco Embaló a abraçá-la por acreditar ser um instrumento para “expurgar os males” que colocam em causa o entendimento entre os guineenses.

O advogado acredita que um diálogo inclusivo, franco e transparente faz falta ao país e ainda defende que as eleições permitem a alternância democrática do poder, mas não têm resolvido os problemas do país.

Os principais partidos e coligações constituídas para as eleições de 24 de novembro têm exortado ao chefe de Estado no sentido de não adiar o escrutínio.

O Supremo Tribunal de Justiça ainda não se pronunciou, contudo, sobre que partidos ou coligações serão admitidas para as eleições.