Mais um resultado positivo em exercícios da Federação Portuguesa de Futebol, neste caso com um lucro de 3,1 milhões de euros e uma receita recorde de 122,4 milhões potenciada pela participação da Seleção A no Campeonato da Europa (derrota nos quartos com a França no desempate por grandes penalidades), a mesma proposta de aplicação de fundos no futebol não profissional como tem sido hábito, ainda mais uma ou outra pasta por fechar antes do fim do terceiro e último mandato. A marca de Fernando Gomes desde que assumiu a liderança da FPF continua a fazer-se sentir, neste caso com o 13.º resultado positivo consecutivo que será aprecidado e votado em Assembleia Geral ordinária no próximo dia 31 de outubro. Contudo, e se o atual cargo está a terminar, outra porta começa a ficar (entre)aberta para o dirigente de 72 anos.

O atual presidente da FPF é visto por um amplo movimento de dirigentes e personalidades como a melhor solução para a liderança do Comité Olímpico de Portugal, que terá eleições no primeiro trimestre de 2025 na sequência da morte do anterior líder José Manuel Constantino (Artur Lopes assumiu de forma interina o comando do atual mandato até ao sufrágio). E são três as principais razões para essa tomada de posição.

Por um lado, Fernando Gomes é visto como um dirigente capaz de continuar a dinamizar e fazer crescer o Comité Olímpico de Portugal, que obteve os melhores resultados de sempre em Jogos nas últimas edições de Tóquio-2020 (quatro medalhas entre um ouro, uma prata e dois bronzes) e Paris-2024 (quatro pódios entre um ouro, duas pratas e um bronze), não só pelo perfil de liderança mas também pela rede de contactos que foi fazendo ao longo do tempo nas várias funções ocupada. Por outro, o dirigente é tido como que conhece bem o desporto nacional “extra futebol”. Gomes liderou a Federação de basquetebol, modalidade que praticou durante vários anos, e foi depois administrador da FC Porto SAD e presidente da Liga de Clubes.

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Em paralelo, o atual líder da Federação surge como alguém capaz de respeitar, perceber e potenciar todo o caminho que foi sendo desbravado pelo malogrado José Manuel Constantino, com quem sempre manteve uma relação de proximidade. “Mantive uma relação institucional de enorme confiança e uma relação pessoal de grande amizade, pelo que é com profunda mágoa que assinalo o seu desaparecimento. Foi um dos grandes pensadores do Desporto em Portugal, um homem com profundo conhecimento da atividade desportiva e do dirigismo e que nunca deixou de defender as suas ideias. Deu-nos grandes lições, com uma clareza e convicção notáveis na sua oratória, que sempre nos prendeu a atenção, tornando-se uma verdadeira fonte de inspiração”, destacou Fernando Gomes no dia da sua morte, no fecho dos Jogos Olímpicos de Paris.

Nesta altura, uma candidatura de Gomes depende apenas da anuência ao “movimento” que lhe lançou repto, sendo que o líder da Federação Portuguesa de Futebol prefere nesta altura focar-se nas últimas pastas que ainda tem para fechar na Cidade do Futebol antes de tomar uma decisão. “Desafiado? Se calhar é uma expressão muito forte, fui sondado no sentido de saber se estaria disponível. Sinceramente, neste período, não tive ainda tempo disponível porque a grande preocupação é terminar aquilo que são os dois ou três pilares do nosso mandato. Nem excluo, nem incluo. Estou num período de desenvolvimento das ações finais enquanto presidente da Federação. As eleições são em março, teremos tempo de refletir. Acima de tudo, é uma avaliação, se efetivamente com a minha ação eu posso, com o meu saber e conhecimento, aportar algo positivo às organizações onde estiver inserido”, referiu no congresso internacional S4, em Viseu.

Há mais nomes apontados a possíveis candidaturas à liderança do Comité Olímpico de Portugal mas, de acordo com as informações recolhidas pelo Observador, tudo está “dependente” daquilo que será a reflexão de Fernando Gomes. Se o líder da Federação Portuguesa de Futebol decidir mesmo avançar, como se espera, algumas das hipóteses caem de forma natural; se assim não acontecer, há outras figuras que se podem perfilar, não só vindas do movimento desportivo atual mas também de outras esferas da sociedade.