Passou praticamente um mês desde que ouvimos os motores pela última vez. Foi a 22 de setembro que Lando Norris ganhou em Singapura, atirando o Mundial de Fórmula 1 para um período de várias semanas de paragem em que a luta pelo título parecia estar totalmente em aberto. Este fim de semana, o Grande Prémio dos Estados Unidos recebe o início do fim de uma temporada bem mais complexa do que o expectável.

Max Verstappen e Lando Norris entravam na etapa de Austin separados por 52 pontos e desde logo num Grande Prémio que incluía corrida sprint, ou seja, com mais pontos por disputar. O neerlandês da Red Bull não celebrava uma vitória precisamente desde a corrida sprint da Áustria, em junho, sendo que era mesmo preciso recuar ao Grande Prémio de Espanha para ouvir o hino dos Países Baixos pela última vez. Já o britânico da McLaren ganhou duas das últimas quatro corridas, sendo que ficou no pódio noutra ocasião no mesmo período.

Classificações à parte, a verdade é que o Grande Prémio dos Estados Unidos surgia numa fase de grande reboliço nas garagens. Tudo começou esta quinta-feira, quando a revista Autosport avançou que uma equipa de Fórmula 1 tinha encontrado uma maneira de ajustar o ângulo do chamado t-tray, o suporte vertical que fica na parte da frente do carro, perto da suspensão — algo que causa uma melhoria significativa na altura do carro numa volta rápida e mesmo em corrida, mas que não é permitido pelos regulamentos.

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Horas depois, o neerlandês De Telegraaf acrescentou que várias equipas tinham entrado em contacto com a FIA para alertar sobre o que a Red Bull, que entretanto já tinha sido identificada como a equipa em questão, estava a fazer. Em entrevista à BBC, um elemento da equipa acabou mesmo por confirmar que o sistema estava a ser utilizado, embora tenha indicado desde logo que este se tornava “inacessível” assim que o carro entra na pista.

A conclusão da história surgiu já este sábado, com a Red Bull a mostrar o carro à FIA e a garantir que não iria usar o dispositivo em Austin, apesar de o organismo que regula a modalidade ter afastado toda a polémica. “Não acreditamos que isto seja uma questão a partir de agora. Fizemos o necessário para evitar qualquer acusação. É claro que o Campeonato está apertado e que as equipas estão interessadas nos carros dos outros, mas, no cenário atual, acreditamos que isto não é um problema”, explicou Nikolas Tombazis, o diretor de monolugares da FIA.

Ora, neste contexto, o Grande Prémio dos Estados Unidos arrancou ainda esta sexta-feira, com Max Verstappen a conquistar a pole-position à frente de George Russell e Charles Leclerc. Lando Norris arrancava apenas em quarto, com Carlos Sainz logo a seguir, e tinha a noção de que tinha de alcançar um início muito positivo para ainda tentar chegar à liderança durante a mais curta corrida sprint.

Já este sábado, nas 19 voltas de Austin, foi precisamente isso que aconteceu. O britânico saltou desde logo para o encalço de Verstappen, que segurou a liderança, enquanto que Russell segurou a terceira posição depois de a ter perdido por instantes para Leclerc no arranque. Aí, mais atrás, Leclerc e Sainz lutavam de forma frenética pelo quarto lugar, provocando a natural aproximação de Lewis Hamilton.

Sainz acabou mesmo por conseguir ultrapassar o colega de equipa e superou Russell, entrando no pódio para discutir o segundo lugar com Norris — até porque, mais à frente e numa espécie de recordação do que foi o início da temporada, Verstappen não dava qualquer ideia de que pudesse perder a vitória. Norris guardou o segundo lugar até à última volta, quando falhou uma travagem na curva 1 e perdeu a posição para Sainz, com Leclerc a terminar em quarto depois de também cometer um pequeno erro nos derradeiros instantes.

No fim, Max Verstappen conquistou a corrida sprint do Grande Prémio dos Estados Unidos e dilatou para quatro pontos a vantagem em relação a Lando Norris antes antes da corrida de domingo, colocando-se numa posição muito favorável para sair de Austin com o tetracampeonato ligeiramente mais perto.