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O presidente da União de Freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, no concelho de Loures, onde esta madrugada ardeu um autocarro, disse esta quinta-feira à Lusa que a PSP está a reforçar a segurança naquela zona.

“Esta tarde falei com o comandante da esquadra [da PSP] que disse que havia um reforço da monitorização e de meios no território”, disse Jorge Silva.

Lamentando a situação, o autarca queixou-se da falta de meios da PSP e do policiamento dos meios de proximidade.

Muito fazem com poucos recursos“, frisou, acrescentando que tem estado em contacto permanente com o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, e com a PSP.

Recordando a madrugada desta quinta-feira, Jorge Silva disse que foi “uma situação complexa”, que “escalou muito rapidamente”.

“Depois recebi um aviso da corporação dos bombeiros de Loures para o fogo na viatura de passageiros. Ainda tive alguma esperança que se tratasse de um acidente, mas tudo apontava para o cenário que estava a decorrer e que tinha sido provocado” e não um acidente, contou.

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Mortágua expressa solidariedade com motorista de autocarro incendiado em Loures

O presidente da União de Freguesias disse que o ato contra o autocarro impactou a comunidade por ter sido feito “com um homem lá dentro”, o motorista, que foi internado em estado grave.

Afirmando que “repudia a ação contra o motorista”, a quem desejou uma “rápida recuperação”, o autarca adiantou que há em Santa António dos Cavaleiros um sentimento de revolta pelo que aconteceu, pela questão, não só do bem material, mas o atentar contra a vida humana”.

Três feridos e 13 detidos desde quarta-feira em desacatos na região de Lisboa

Ao fim do dia, a normalidade na freguesia já tinha sido reposta, descrevendo Jorge Silva que se trata de uma zona de “convivência normal, residencial e de comércio”.

Os distúrbios ocorridos esta semana em vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa foram desencadeados pela morte de Odair Moniz, morador da Amadora, no distrito de Lisboa, baleado por um agente policial.

PSP insiste que os agentes envolvidos na morte de Odair Moniz terão sido ameaçados com uma arma branca

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Os desacatos desencadeados pela sua morte tiveram início no Zambujal, na noite de segunda-feira, e estenderam-se, desde terça-feira, a outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.

No total, mais de uma dezena de pessoas foram detidas. Além do motorista de autocarro que sofreu queimaduras graves, alguns cidadãos ficaram feridos sem gravidade e dois polícias receberam tratamento hospitalar.

Segundo a PSP, Odair Moniz pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.