Praticamente uma semana depois da sua morte, o funeral de Odair Moniz decorreu este domingo, na Amadora. Dezenas de pessoas estiveram na Igreja da Buraca, onde decorreu a missa, e foram mais de duas centenas aqueles que quiseram prestar uma última homenagem no cemitério da Amadora.
Depois da missa, os familiares e amigos do homem que morreu na passada segunda-feira na Cova da Moura, vítima de dois disparos feitos por um agente da PSP, arrancaram em cortejo. E antes de seguirem para o cemitério, dezenas de carros, incluindo o carro funerário onde estava o corpo de Odair, passaram pelo Bairro do Zambujal, onde vivia o homem de 43 anos.
Funeral de Odair Moniz junta centenas de pessoas. Cortejo seguiu tranquilo
Ao contrário daquilo que acontece habitualmente, uma das entradas para o bairro, junto à esquadra da PSP, estava cortada. Por isso, o cortejo teve de mudar de rota, entrando no bairro através de outra estrada, seguindo depois para o cemitério. E este percurso aconteceu de forma tranquila, como, aliás, toda a cerimónia.
Já à porta do cemitério da Amadora, concentraram-se centenas de pessoas. Muitas compravam flores e outras enchiam balões brancos, que foram largados no final da cerimónia fúnebre, dentro do cemitério. Em silêncio, aqueles que estiveram este domingo no cemitério da Amadora começaram a sair do local ainda antes das 16h.
Cova da Moura. A história da morte de Odair contada por quem estava à janela
O funeral de Odair Moniz acontece num momento em que se mantém ainda um elevado reforço policial no bairro do Zambujal, destacado na sequência dos distúrbios relatados ao longo desta última semana. Foram incendiados caixotes do lixo, carros e autocarros em protesto, tumultos que se alastararam a vários pontos da Grande Lisboa contra a atuação das forças policiais dentro dos bairros. Este domingo, no entanto, não foram registados quaisquer desacatos.
O número de ocorrências registadas pela PSP tem, aliás, diminuído ao longo dos dias — este sábado, foram registadas sete ocorrências, segundo os dados avançados por esta polícia, sendo a maioria relacionadas com caixotes do lixo incendiados. A PSP garantiu ainda este domingo que “não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”.