A 5.ª Conferência Nacional do Bloco de Esquerda termina este domingo, no Porto, com a aprovação de um documento que define o rumo estratégico do partido e o modelo para as autárquicas, com divergências sobre uma eventual coligação à esquerda em Lisboa.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, encerra os trabalhos da conferência nacional bloquista pelas 13h00, mas antes, durante a manhã, os mais de trezentos militantes que estão reunidos na Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, vão votar recomendações à Mesa Nacional sobre o rumo estratégico do BE e as autárquicas do próximo ano.

Em apreciação vão estar dois documentos globais, um apresentado pela comissão política do BE e um segundo por uma ala crítica interna.

No documento global apresentado pela direção, o BE insiste nas críticas ao Governo PSD/CDS-PP, demarcando-se das suas políticas, mas também deixa reparos ao PS pela viabilização do Orçamento do Estado para 2025, recusando colocar o “socialismo na gaveta”.

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Sobre autárquicas, a direção alargada do BE afirma que pretende procurar, sempre que possível, alianças alternativas a governações de PS e PSD, mantendo a abertura para uma aliança à esquerda que desafie Carlos Moedas em Lisboa.

No primeiro dia de trabalhos, alguns bloquistas manifestaram divergências sobre uma eventual coligação autárquica com o PS em Lisboa, com alertas para uma possível diluição política, mas também apelos a uma “candidatura alargada”.

Estas preocupações estão expressas em algumas propostas de alteração ao documento apresentado pela direção, que também serão votadas este domingo.

Além do documento global apresentado pela direção, vai também ser votado um documento alternativo, subscrito por alguns elementos que integravam a lista apresentada por Mariana Mortágua à Mesa Nacional, como Adelino Fortunato (que também integra a Comissão Política), Alexandra Vieira (antiga deputada), Helena Figueiredo e José Manuel Boavida.

Estes bloquistas consideram que o modelo atual do partido “está esgotado, tanto no plano político como organizativo”, “as viragens não explicadas de orientação e a prática interna dominante apontam para a decadência e para a degenerescência” e a atual organização está “desmotivada e desmobilizada”.

No que toca a autárquicas, o documento alternativo não faz qualquer referência concreta a Lisboa, sendo proposta a apresentação de listas próprias, que devem incorporar independentes sempre que possível.

A intenção de assegurar lugares já conquistados a nível autárquico “não se deve sobrepor à lógica do combate político mais geral, não só contra a direita, mas também contra as políticas erradas do PS e do PCP”, é alertado.