Nesta última semana do mês há um ligeiro travar nas estreias, mas a Netflix carrega em algumas propostas interessantes. Se gosta de se perder pelos meandros do true crime, porque não fazer uma pausa para ler uma história de rapto com extraterrestres (The Manhattan Alien Abduction)? Até há uma sugestão para fazer uma pausa na ficção tradicional e entrar no mundo de Olivia Rodrigo, com a gravação de um dos concertos da World GUTS Tour. Contudo, muita gente vai passar o fim de semana prolongado a ver The Diplomat, o fenómeno do ano passado regressa esta semana com uma nova temporada.

Há vida também na Max, com a estreia da última temporada de Somebody Somewhere. E, já que falamos de novas temporadas, e de séries que se calhar escaparam, a segunda temporada de Lioness estreia sexta-feira na SkyShowtime, a primeira temporada foi um bom refresco nos thrillers de guerra/espionagem e, por isso, estamos a contar que estes novos episódios correspondam. Se não viu a primeira, aí está uma boa sugestão de binge watching.

“Somebody Somewhere” (temporada 3)

Max, segunda-feira, 28 de outubro

Se há dias nos questionávamos se What We Do In The Shadows teve a atenção que merece, deveríamos estar a fazer essa mesma pergunta a Somebody Somewhere. O binge watching alimentou ainda mais a ideia de que hoje precisamos de algo a acontecer — ou a promessa de — para gerar interesse. Bridget Everett vai contra isso e recupera a cidade de infância norte-americana, aquele sítio para onde se volta com a promessa de que os fantasmas não irão ser bons. Há uma costela muito pessoal de Bridget Everett aqui, e se isso conquista, numa primeira camada, depois somos levados pelos dramas da vida banal de Somebody Somewhere. Uma prova de resistência de que este tipo de histórias podem – e devem – existir no streaming, que chega agora ao fim com a terceira temporada.

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“Shatter Belt”

Filmin, terça-feira, 29 de outubro

James Ward Byrkit chamou a atenção há cerca de uma década quando deu ao mundo o filme Coerência. Não era uma primeira obra, e os baixos orçamentos em ficção científica, quando são bem geridos e bem aplicados, costumam fazer tocar uns quantos (bons) alarmes. Está de volta ao género, desta vez com uma série bem curtinha, quatro episódios, e com o bom síndroma de Black Mirror. Cada episódio conta uma história e, como deve imaginar, é uma daquelas que mexe com o espectador. Para ver à confiança.

“Olivia Rodrigo GUTS World Tour”

Netflix, terça-feira, 29 de outubro

Neste 2024 tivemos direito à visita de duas grandes estrelas da pop da atualidade (as maiores?), Taylor Swift e Olivia Rodrigo. E, como seria de esperar, nenhuma delas perdeu tempo a filmar a digressão para a colocar no streaming — o sítio da existência contemporânea onde o mundo inteiro se encontra. Swift já o fez há algum tempo (até estreou The Eras Tour no cinema), a Guts World Tour de Olivia Rodrigo chega agora à Netflix, com a gravação de um concerto no Intuit Dome em Los Angeles. Já a vimos ao vivo, agora é tempo de reencontrar as canções de GUTS e SOUR no sofá.

“The Manhattan Alien Abduction”

Netflix, quarta-feira, 30 de outubro

Num país tão grande e entregue tanto à ficção – e à loucura – parece-nos relativamente normal que quando uma dona-de-casa nova iorquina diz que foi raptada por extraterrestres, existam umas quantas pessoas que acreditam — mais importante, exista um grande número delas que assegure ter visto a coisa a acontecer. Esta série documental resgata um acontecimento de 1989 e o trabalho de investigação feito então para averiguar se tudo o que por aqui é contado aconteceu de facto ou são foi mais do que um esquema muito elaborado.

“Martha”

Netflix, quarta-feira, 30 de outubro

O trailer arrisca dizê-lo sem reservas, afirmando que Martha Stewart foi a primeira influencer. A sentença pode ser discutida, mas há factos inegáveis que ajudam à formulação destes títulos: foi a primeira mulher bilionária norte-americana a alcançar tal estatuto pelo próprio pé. É um fenómeno muito norte-americano, daqueles que depois se transformam em viralidade um pouco por todo o mundo — daí que Martha Stewart tenha também alguma influência por cá. Este documentário conta a história desta mulher. Precisamos disto? É a pergunta que nunca vale a pena fazer e que não tem grande significado ou importância. Além disso, este é o tipo de operações de marketing de influência que vale a pena seguir.

“The Diplomat” (temporada 2)

Netflix, quinta-feira, 31 de outubro

O sucesso de The Diplomat é daquelas coisas que desperta uma enorme vontade de esclarecer, de justificar, de procurar razões. Mas não é preciso grande esforço porque as respostas estão mesmo à frente dos nossos olhos. Keri Russell tem boa parte das culpas, tendo em conta os anos em que protagonizou uma belíssima intriga política chamada The Americans. A repetição de fórmulas com outra roupa, usando caras que funcionaram num esquema diferente mas familiar, não é uma manobra estranha à Netflix. E desde o início — que é como quem diz desde House Of Cards – que esta rapaziada sabe como vestir com estilo intrigas políticas nos corredores mais importantes da política.

“Desassossego”

RTP Play, quinta-feira, 31 de outubro

A RTP Lab não “só” é um laboratório da RTP, como também tem sido um veículo para gerar e revelar ideias e, por consequência, séries com a voz de uma nova geração. Desassossego é o mais recente projeto a sair deste ninho. São seis episódios em volta de três jovens adultos, Laura (Maria de Sá), Vasco (Filipe Matos) e Ana (Ela Freitas), que têm de lidar com dores de crescimento, escolhas e respetivas consequências. É uma série sobre a saúde mental, que não é um tema geracional, mas que agradece que seja tratado desta forma por uma geração específica. Foi criada e realizada por Cátia Silva.

“Lioness” (temporada 2)

SkyShowtime, sexta-feira, 1 de novembro

Se olhou para o poster da primeira temporada de Lioness, é possível que tenha ficado a pensar que esta era mais uma série com Nicole Kidman. Bom, era, mas ela tinha um papel muito pequenino. O que Lioness era de facto – e ainda é: uma série bem feita que mistura guerra, thriller e espionagem, sem a sobranceria da “grande televisão”, mas com aquele toque de televisão generalista bem feita. Aquele que, acreditem, começa cada vez mais a faltar. Se não viu a primeira temporada, é essencial fazê-lo. Até porque as possibilidades de gostar (muito) são grandes.