Os resultados ajudaram, a forma como a equipa se foi expressando em campo contou o resto. A saída de Erik ten Hag do comando do Manchester United, a que se seguiu de imediato o ataque com sucesso à contratação de Rúben Amorim, fez com que Ruud van Nistelrooy assumisse de forma interina o comando da equipa num período de transição. Pensou-se que poderia ser um jogo, depois passaram a dois, no final acabaram por ser quatro. O antigo avançado neerlandês, ainda reconhecido pelos adeptos dos red devils pelos muitos golos que marcou pelo clube, segurou o grupo, aliviou o balneário e construiu um ambiente propício para a chegada do novo treinador esta segunda-feira. Pelo meio, conseguiu a melhor série de resultados da temporada.

“It’s done”: Rúben Amorim confirmado como novo treinador do United, leões recebem 11 milhões (e mais 1,6 por extinção de créditos)

Depois da derrota na Premier League em Londres frente ao West Ham, que ditou o afastamento do antigo treinador com uma distância já considerável para os objetivos europeus, o United afastou o Leicester da Taça da Liga com uma goleada por 5-2, teve depois um empate com o Chelsea em Old Trafford onde apesar de tudo conseguiu ser uma equipa mais competitiva do que mostrara noutros jogos grandes e somou a primeira vitória na Liga Europa diante do PAOK. Agora, van Nistelrooy voltava a um ponto de partida, reencontrando o Leicester do ex-Sporting Fatawu mas para o Campeonato. Em caso de vitória, o Manchester United podia ascender ao 11.º lugar da classificação a três/quatro pontos dos lugares de acesso à Champions mas com o “problema” de encontrar até esse objetivo uma série de equipas a lutar por posições no top 6.

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“Se o Rúben já me ligou? Tenho que ver o meu telefone… Veremos mais tarde. Acho que Rúben está focado no jogo com o Sp. Braga e eu no jogo com o Leicester. Isso mostra que estamos focados no trabalho do dia a dia. Tenho apenas uma coisa em mente. É o meu último jogo como interino, quero prepará-lo da melhor forma possível e dar tudo aos jogadores. Esse é meu foco absoluto e, além disso, não olho muito para a frente”, comentara o neerlandês na antevisão do encontro, deixando em aberto a possibilidade de integrar ou não a equipa técnica de Rúben Amorim mas com um objetivo a médio prazo: “Neste momento, o apetite de construir algo neste clube é maior do que o de treiná-lo. Serei adjunto aqui por dois anos, depois logo veremos. A minha intenção de ser treinador principal é só para depois do meu período como adjunto”.

“A partir de amanhã [segunda-feira], vou apoiar o nosso novo treinador, Rúben Amorim, e peço a todos os que gostam do clube que façam o mesmo. Tenho trabalhado com este plantel todos os dias desde o verão e posso dizer-vos que há um enorme potencial nestes jogadores, desde os mais experientes até aos jovens que estão a chegar da Academia. Os treinadores, os funcionários do clube e os adeptos têm todos um papel a desempenhar para ajudar esses jogadores a tornarem-se no melhor que podem ser”, comentou antes da partida com o Leicester em Old Trafford, num jogo marcado pelo Remembrance Day na Premier League.

Com alguns cartazes para que possa permanecer no United, neste caso integrando a nova equipa técnica de Rúben Amorim, Ruud van Nistelrooy despediu-se com uma vitória na Premier League frente ao Leicester e cumpriu a todos os níveis nos quatro encontros em que dirigiu a equipa. Coincidência ou não, foi também nesse período que mais apareceu Bruno Fernandes: em 13 jogos com Ten Hag, não marcara, fez cinco assistências e viu dois vermelhos; agora, em quatro partidas, marcou quatro golos (sendo que o autogolo de Kristiansen também tem toque do português), fez uma assistência e voltou a ser dos melhores do United num dia especial em que recebeu uma recordação alusiva aos 250 jogos feitos pelo clube de Manchester.

Com De Ligt e Lisandro Martínez de regresso ao eixo central recuado e Marcus Rashford a assumir o lugar do ataque à esquerda na vez de Garnacho, Ruud van Nistelrooy voltou a optar pelo mesmo tridente no meio com Casemiro e Ugarte atrás de Bruno Fernandes e conseguiu mais uma vez dar outra estabilidade à equipa, que procurava depois fazer a diferença com a criatividade pelos corredores laterais tendo um Amad Diallo em grande momento. Ao contrário do que aconteceu na Taça da Liga, com seis golos em 45 minutos, a primeira parte não teve propriamente muitas oportunidades mas voltou a mostrar uma versão do United diferente do que era com Erik ten Hag, bem mais seguro sem bola e com mais soluções no jogo ofensivo. Depois, aparecia o virtuosismo individual, com Bruno Fernandes a ser o centro do melhor que a equipa produzia.

Na primeira ação de perigo junto a uma das balizas, o internacional português inaugurou o marcador com remate cruzado de fora da área descaído sobre o lado esquerdo (14′). Só mais tarde houve uma reação dos visitantes, com Ndidi a falhar na cara de Onana após um passe fantástico de Buonanotte nas costas da defesa (28′), mas era o Manchester United que controlava as operações e com uma capacidade cirúrgica de acelerar o jogo quando era necessário. Mais uma vez, quando isso aconteceu, surgiu o golo: Mazraoui subiu pela esquerda, puxou para dentro para cruzar de pé direito e Bruno Fernandes surgiu no meio da área para desviar de cabeça com a bola a bater em Kristiansen e a encaminhar-se para a baliza de Hermansen (38′). O intervalo chegaria com o 2-0 mas com Amad Diallo a ficar muito próximo do terceiro nos descontos.

O segundo tempo teve bem menos motivos de interesse em relação à primeira parte, com um ritmo mais lento, uma menor intensidade de jogo e uma tentativa de controlar as operações com bola tendo em conta o desgaste físico pela recente série de encontros consecutivos. Nem mesmo as substituições conseguiram mexer muito com o rumo da partida, que era muito mais utilizada nas bancadas para antever o que se segue para o United do que propriamente para ligar ao que se passava em campo. Ainda assim, e após mais um passe do português, Garnacho encheu-se de fé para fazer o melhor golo do encontro, com um tiro em arco de fora da área descaído sobre a esquerda (82′). A partir desta segunda-feira, começa uma nova era com Rúben Amorim e com o velho Bruno Fernandes de regresso para a complicada missão do treinador. Por agora, foi tempo de festejar mais um triunfo na Premier entre cânticos por… Ruud van Nistelrooy.