A comissão política da federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS aprovou por unanimidade a convocação de eleições intercalares para o dia 10 de janeiro, mas apenas para o cargo de presidente, de acordo com a deliberação a que o Observador teve acesso. A decisão foi tomada na noite desta terça-feira, depois da demissão de Ricardo Leão na semana passada. Da reunião socialista saiu mais um possível candidato à sucessão: Filipe Costa.

Os candidatos a esta luta numa das maiores federações distritais do PS têm até 27 de dezembro para apresentar candidaturas. O antigo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e também vice da FAUL aproveitou logo a reunião que deu seguimento ao processo de demissão de Leão para anunciar a sua disponibilidade para se candidatar a presidente.

Ao Observador, Filipe Costa confirmou, por mensagem escrita, que está “a ponderar” e que não fecha “a porta a essa possibilidade”. Foi afastado da AICEP pelo atual Governo, em junho passado, é próximo de Ricardo Leão e apontado no partido como um dos apoiantes de José Luís Carneiro nas últimas diretas do PS.

Recorde-se que também o socialista Miguel Prata Roque já tinha anunciado a sua disponibilidade para concorrer ao cargo deixado vago por Ricardo Leão depois das declarações polémicas a defender o despejo de inquilinos de casas municipais que tivesse estado envolvidos nos tumultos na sequência da morte, pela polícia, de um morador do bairro do Zambujal, Odair Moniz.

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Durante a reunião, o vice presidente da FAUL, Pedro Pinto de Jesus (mais um nome falado para esta corrida), foi desafiado por alguns membros da comissão política para avançar com uma candidatura à FAUL, mas não fez qualquer anúncio nesse sentido no decorrer dos trabalhos — nesta noite foi incentivado em intervenções das concelhias de Odivelas, Mafra e Oeiras (Odivelas faz parte do conjunto com maior peso eleitoral). Pinto de Jesus ficou como presidente interino depois da saída de Leão e já tinha assumido as mesmas funções anteriormente, quando Duarte Cordeiro integrou o secretariado nacional do PS, abandonado a presidência da federação.

Artigo de Costa e demissão de Alexandra Leitão empurraram Ricardo Leão para a saída

A influência de Duarte Cordeiro, que é secretário nacional do PS e foi presidente da FAUL nos últimos anos, continua a sentir-se nesta estrutura socialista, tanto que Ricardo Leão, autarca de Loures, era o nome que tinha apoiado para a sua sucessão, tendo sido eleito no final de setembro passado. A expectativa entre alguns membros do PS distrital afetos a essa frente é que é de que esse crédito continue a valer para a eleição que se segue e, nesse contexto, o nome disponível que melhor se posicionaria é o de Pedro Pinto de Jesus.

As concelhias do PS de Lisboa, Loures, Odivelas, Amadora, Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (mais de metade das concelhias da federação) e as secções sectoriais do partido são vistas como “um grupo coeso” na FAUL que tem um peso decisivo na escolha do líder distrital do partido — foi o que aconteceu nas eleições anteriores nesta federação socialista. Resta saber se estarão todas no mesmo lado também desta vez.

Artigo atualizado com detalhe sobre as concelhias que intervieram a favor de Pinto de Jesus.