A Câmara de Torres Novas revelou esta sexta-feira que o “episódio grave de poluição ambiental” que matou em agosto milhares de peixes no rio Almonda teve origem numa “descarga ilegal de poluente” e lamentou não se conseguir identificar os responsáveis.
“As análises efetuadas pela PSP apresentam uma carência bioquímica e química de oxigénio extremamente elevada (até 28 vezes superior ao limite para um bom estado ecológico, o estado normal do rio Almonda), típicas de uma descarga ilegal de poluentes, possivelmente de origem não doméstica”, indicou em comunicado o município de Torres Novas, no distrito de Santarém.
Segundo a autarquia, “apesar de todos os esforços, não foi possível identificar a origem da mesma (descarga), estando a investigação a cargo das entidades judiciais competentes”.
A Câmara de Torres Novas disponibilizou os resultados das análises à qualidade da água para consulta pública.
Em declarações à Lusa, o vereador do Ambiente, João Trindade, disse esta sexta-feira que, após o “episódio grave de poluição ambiental completamente anormal”, ocorrido em 6 de agosto e que obrigou à “remoção de milhares de peixes” do Almonda, “é levantada agora a interdição à pesca e atividades lúdicas” no rio.
“Estamos perante uma situação completamente anormal e que não é de todo fácil e não compete também à Câmara indicar quem foi. Sendo uma descarga ilegal é um crime, de grande magnitude e com as consequências que teve. E sim, é um crime ambiental a lamentar”, afirmou.
“Nós não sabemos o estado atual da investigação, contudo, sabemos que ela ainda não foi encerrada porque tem de nos ser comunicado, ou seja, ainda não nos foi dado conhecimento do desfecho da mesma, por isso ela continuará a existir”, declarou.
A divulgação pública das análises decorre esta sexta-feira, mais de quatro meses após a ocorrência que provocou a morte de cerca de uma tonelada de peixes e que motivou a indignação da população, uma vez que, segundo indicou a câmara, só recebeu as análises oficiais no dia 28 de outubro e só obteve a “autorização de divulgação” em 5 de novembro.
“Além destas análises, disponibilizámos à população um conjunto alargado de análises ao rio, onde é possível acompanharem a evolução da qualidade ao longo do seu curso e ao longo destes últimos três anos, e permite-nos realmente conhecer o estado bom e excelente que o rio vai tendo nesta zona da cidade. É assim que ele é caracterizado, com exceção deste incidente grave, que ocorreu no dia 6 de agosto”, afirmou João Trindade.
No comunicado, a autarquia indicou ainda que, além do “reforço das ações de monitorização regular da qualidade da água do rio, o município de Torres Novas, em conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e outras autoridades, está a preparar um plano de ação para intensificar a fiscalização, identificar potenciais focos de poluição e prevenir futuros incidentes”.
“Aumentámos a nossa fiscalização e identificação dos pontos de descarga, comprámos também uma sonda para, a qualquer altura, sabermos a qualidade da água do rio e vamos continuar com os trabalhos de limpeza e renaturalização de margens e outros que temos vindo a fazer, como o corredor ecológico, porque estamos realmente muito comprometidos com a qualidade do rio, com o rio, com o acesso ao rio e com o aproximar as pessoas do rio”, vincou o vereador.
Afirmando “compreender a revolta” da população e por não terem sido identificados os responsáveis, o vereador destacou o sentimento de pertença da comunidade pelo Almonda, “marca identitária” de Torres Novas.
“Apesar desta situação, a população não esconde o amor e o trabalho que nós temos todos por este rio e deixo uma mensagem também de esperança, porque infelizmente dias maus ocorrem, mas teremos sempre mais dias bons do que este dia mau, que ficará, infelizmente, na história de Torres Novas”, concluiu.