O comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP considerou, esta quarta-feira, que o policiamento de proximidade não resolve todos os problemas sociais ou criminais, defendendo “um trabalho em rede” para a prevenção da exclusão e desintegração.
“A polícia é muitas vezes a primeira linha de ação do Estado em zonas desfavorecidas, quando muitas outras dimensões não foram capazes de prevenir ou resolver problemas económicos, sociais, de saúde, de habitação, de educação e de emprego”, disse Luís Elias, na cerimónia comemorativa do 157º aniversário do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública.
O comandante do Cometlis avançou que “o policiamento de proximidade não é a panaceia para a resolução de todos os problemas sociais ou criminais” e “não se pode substituir às instituições de saúde, sociais e de educação”.
“Policiamento de proximidade não é, nem pode ser serviço social, não é relações públicas nem mero marketing e não é a solução para tudo, só através de um trabalho em rede de muitas entidades poderão ser prevenidos fenómenos de exclusão e desintegração que, em muitos casos, desembocam em desviância e na criminalidade”, disse.
No discurso, Luís Elias deu conta de que a PSP operacionaliza diversos programas de policiamento de proximidade, nomeadamente o programa Escola Segura e outros direcionados para os idosos vítimas de violência doméstica, cidadãos portadores de deficiência e comerciantes.
“É fundamental que todos conheçam a missão que a PSP desenvolve ao nível do policiamento de proximidade no Cometlis e por todo o país, porque é fruto desse trabalho que identificamos em cada ano centenas de crianças e jovens em risco, sinalizamos milhares de idosos que necessitam de cuidados de saúde, de apoio social ou simplesmente de alguém que fale com eles porque vivem numa de situações de solidão extrema, identificamos e detemos jovens delinquentes. Encaminhamos centenas de vítimas de violência doméstica para entidades de apoio social e casas de abrigo, prevenimos crimes e realizamos milhares de ações de sensibilização”, precisou.
A relação entre a polícia e os moradores dos bairros que existem na Área Metropolitana de Lisboa, bem como o tipo de policiamento de proximidade nestes locais, estiveram recentemente em destaque após a morte do cabo-verdiano Odair Moniz, baleado por um polícia na Cova da Moura, na Amadora, ainda em circunstâncias por esclarecer, e que desencadeou dias de tumultos, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.
Na cerimónia, o comandante do Cometlis destacou o empenho dos polícias durante os incidentes que ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa no final de outubro e lamentou a morte de Odair Moniz.
O mesmo responsável sublinhou que não pactua “com situações de racismo, xenofobia e intolerância” e manifestou certeza de que nenhum polícia também não pactuará.
“A missão da PSP nem sempre é compreendida nem percebida. As forças de segurança são e bem as instituições mais escrutinadas em Portugal pelas autoridades judiciais, pela Provedoria de Justiça, pela IGAI [Inspeção-Geral da Administração Interna], pela inspeção nacional da PSP, pela hierarquia da PSP, pela comunicação social e pelos próprios cidadãos”.
Luís Elias deu ainda conta que brevemente terá início a primeira fase da reestruturação do dispositivo de investigação criminal do Cometlis, uma alteração que permitirá “melhorar a qualidade das investigações e a interação com o Ministério Público”.
“Estamos igualmente em fase de formação de mais equipas de policiamento de proximidade, num projeto de renovação do modelo integrado de policiamento de proximidade, constituindo esta uma forte aposta na prevenção criminal”, concluiu.