A Unidade de Saúde Local (ULS) de Coimbra anunciou, esta sexta-feira, um reforço das medidas do Plano de Contingência de inverno para evitar os picos de afluência verificados em 2023.
“Claramente que estamos mais bem preparados do que o ano passado, mas não podemos assegurar que tudo vai decorrer sempre da melhor forma possível”, salientou o presidente do conselho de administração, Alexandre Lourenço.
Em declarações à agência Lusa, o responsável disse que o inverno vai ser muito exigente nas áreas de urgência de adultos e pediátrica, mas que a ULS de Coimbra está “muito mais bem preparada e mais confiante para o que aí vem”.
O Plano de Contingência para a resposta em saúde — Módulo de inverno foi, esta sexta-feira, discutido entre a administração da ULS e a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, numa visita aos Hospitais da Universidade de Coimbra (polo principal).
Entre as medidas, consta a adesão ao programa “Ligue antes, salve vidas”, em vigor desde 4 de novembro, cujo objetivo é reduzir a utilização inadequada dos serviços de urgência, promovendo o contacto prévio com a linha SNS 24 (808242424) para garantir uma melhor triagem dos casos realmente emergentes.
“Neste período, o programa já permitiu a redução da procura do serviço de urgência superior a 10%, o que aliviou muito a nossa capacidade e nos permitiu aumentar mais de 500 consultas nos cuidados de saúde primários”, sublinhou o presidente da ULS de Coimbra, que prevê uma redução superior nos serviços de urgência.
As medidas, que vão ser apresentadas publicamente na próxima semana, incluem a criação de três Centros de Atendimento Clínico, um deles no Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, e outros dois em locais ainda em negociação, em que os doentes têm acesso a médico e enfermeiro fora de horas, no período semanal e durante o fim de semana, com serviço de Raio X e análises clínicas.
A ULS de Coimbra reforçou as escalas de pediatria, negociou um novo regulamento de ambulâncias com corpos de bombeiros e proteção civil, que, nos dias de maior afluência, vai evitar o constrangimento no canal de acesso para doentes urgentes.
Alexandre Lourenço adiantou que a admissão de doentes em macas passa a ter prioridade sobre todos os outros na área administrativa e nos postos de triagem e que a ULS de Coimbra, a partir de 1 de dezembro, vai ter uma nova ambulância para transporte intra-hospitalar.
“Depois temos outras medidas mais transversais, como a criação de uma unidade central de camas, e os alargamentos das camas em pediatria, do programa de hospitalização domiciliária com mais cinco vagas e do programa de cuidados continuados integrados no domicílio a todos os municípios [da área de abrangência]”, anunciou.
Uma das novidades deste plano é o aumento do número de camas de retaguarda para os doentes que aguardam vaga nos cuidados continuados, que passa de 20 para 95, através de contratos com instituições particulares de solidariedade social, libertando camas no parque hospitalar.
“Temos cerca de 150 doentes com alta clínica em permanência e este aumento de camas de retaguarda vem ajudar a nossa resposta, embora o objetivo seja chegar às 120 camas”, referiu Alexandre Lourenço.
Outras medidas passam por, no caso das urgências pediátricas, aumentar o número de equipas médicas consoante a procura, e na urgência de adultos está já previsto o reforço dos recursos humanos nos dias “críticos” de 26 de dezembro e 2 de janeiro.
Também está previsto que, com o aumento das infeções respiratórias, seja ativado um circuito específico nos Hospitais da Universidade de Coimbra, como aconteceu durante a pandemia da Covid-19.
Nos cuidados de saúde primários, o aumento das infeções respiratórias será acompanhado do alargamento progressivo do horário de atendimento dos centros de saúde.
“Temos aqui uma resposta integrada da parte de urgências hospitalar, de internamento e de cuidados de saúde primários”, sublinhou o presidente da ULS de Coimbra, que abrange 21 municípios.