“The Dead Don’t Hurt — Até ao Fim do Mundo”
Viggo Mortensen escreve, filma e interpreta um dos principais papéis desta sua segunda longa-metragem como realizador (após Falling — Um Homem Só, em 2020), um western. Mortensen personifica Holger Olesen, um imigrante dinamarquês que se instala nos arredores de uma vila do Nevada com uma franco-canadiana que conheceu em São Francisco, Vivienne LeCoudy (Vicky Krieps), para formarem família e viverem em sossego. Só que a Guerra Civil estala e Holger decide ir combater pelo Norte, deixando Vivienne sozinha e à mercê dos homens perigosos e corruptos que controlam a vila. Excluindo o facto de ter uma personagem feminina a ocupar o centro do enredo, The Dead Don’t Hurt — Até ao Fim do Mundo é um western à base de personagens tipificadas (sobretudo um vilão cartoonesco de tão pérfido) e situações feitas, totalmente previsível e, ainda por cima, bastante chato. O que constitui um pecado imperdoável neste género.
“Dahomey”
O facto deste documentário da atriz e realizadora francesa Mati Diop (Atlantique) ter ganhado o Festival de Berlim este ano, só se pode explicar por motivações politicamente corretas. Dahomey é um trabalho preguiçoso, desleixado e esquemático, em que Diop acompanha 26 obras de arte devolvidas pelo governo francês ao Benim (antigo Reino do Daomé), após terem sido levadas para Paris em finais do século XIX, durante a época colonial. A realizadora dá voz a uma delas, a estátua meio-homem, meio-animal, de um antigo monarca do Daomé, e ocupa a segunda parte do filme com um debate (organizado propositadamente para o filme) entre estudantes de uma universidade da capital do Benim, sobre o valor e significado dos ditos artefactos, a necessidade (ou não) de serem expostos num museu e, inevitavelmente, os malefícios do colonialismo. Uma hora de duração é pouco para um assunto de tanta atualidade e tão complexo como este.
“Vaiana 2”
Continuação da longa-metragem animada de 2016, Vaiana 2 ia ser uma série para o canal Disney+, mas o projeto acabou por ser reencaminhado para o cinema. John Musker e Ron Clements, dois nomes históricos da Disney que assinaram a fita original há oito anos, são substituídos, em Vaiana 2, por três estreantes. Jared Bush, que já tinha escrito Vaiana, permanece em funções, a meias com um dos novos realizadores. Auli’i Cravalho e Dwayne Johnson voltam a ser as vozes de Vaiana, a jovem heroína e navegadora polinésia, e de Maui, o semideus gabarola. A história leva-os, agora acompanhados por um trio de personagens da aldeia de Vaiana, Hei Hei, o seu galo de estimação zarolho, o porquinho Pua e um coco pirata dos Kakamora do primeiro filme, numa aventura que se inspira de novo nas mitologias dos mares do Sul. Vaiana 2 foi escolhido pelo Observador como filme da semana e pode ler a crítica aqui.