O governo da Geórgia decidiu suspender as negociações de adesão à União Europeia durante quatro anos e desde quinta-feira que os protestos neste país se têm intensificado — e continuam este domingo à frente do Parlamento. A polícia e os bombeiros lançaram água contra os manifestantes e já foram detidas mais de 100 pessoas, relatam as agências internacionais. Mas as consequências vão mais longe: este domingo foi também bloqueada uma das entradas para Poti, no Mar Negro, que é o maior porto do país.

Milhares de manifestantes têm estado nas ruas da Geórgia, sobretudo em Tiblíssi, capital do país, e pedem a realização de novas eleições. De acordo com o Politico, cerca de 100 mil pessoas juntaram-se à frente do parlamento durante a noite deste sábado e lançaram petardos e atiraram pedras. Muitas tinham bandeiras da União Europeia.

Como resposta, as forças policiais lançaram canhões de água e dispararam gás lacrimogéneo. O mesmo jornal refere ainda que existem relatos de agressões por parte da polícia contra manifestantes que não estavam armados.

Os confrontos entre polícia e manifestantes este sábado à noite provocaram 44 feridos, que tiveram de ser hospitalizados. Segundo os dados do Ministério do Interior da Geórgia, foram encaminhados para o hospital 27 manifestantes, 16 polícias e um jornalista.

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“Porta da UE continua aberta”, garante presidente da Comissão Europeia

Perante o cenário de violência que se viveu nos últimos dias, e uma vez que os protestos continuam este domingo com milhares de pessoas nas ruas, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, lamentou que “a liderança georgiana se tenha afastado da União Europeia e dos seus valores”. “A UE apoia o povo da Geórgia e a sua escolha por um futuro europeu. A porta da UE continua aberta”.

Também numa declaração conjunta feita a partir de Bruxelas, Marta Kos, comissária europeia para o Alargamento, e Kaja Kallas, alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, assumiram a mesma ideia de Ursula von der Leyen: “A porta da UE continua aberta”. “O regresso da Geórgia aos valores europeus e o caminho para a adesão à UE estão nas mãos da liderança georgiana”, acrescentaram.

Chefe da diplomacia da UE admite sanções à Geórgia devido ao uso de violência contra manifestantes

Já do lado do governo, Irakli Kobakhidze, primeiro-ministro da Geórgia, disse este domingo que não existe qualquer possibilidade para a realização de novas eleições — as últimas aconteceram em outubro. E acusou ainda os manifestantes de violência contra a polícia, referindo que “utilizaram formas graves de violência”. Irakli Kobakhidze prometeu, no entanto, que os relatos de violência policial também serão investigados.