A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusou esta quarta-feira o Governo de provocar os bombeiros profissionais nas negociações salariais, “com propostas de salário que são inferiores àquelas que hoje são pagas”.
Em Leiria, à margem de uma reunião com representantes das comissões de utentes do Hospital de Santo André, Mariana Mortágua criticou a forma como o Governo tem conduzido o processo negocial com os bombeiros sapadores.
“O salário base de carreira é muito perto do salário mínimo nacional. E o que o Governo fez foi apresentar aos bombeiros sapadores uma proposta de negociação em que o salário de entrada era mais baixo do que aquele que é hoje. Ou seja, foi uma provocação. Provocou uma classe, um grupo de pessoas que contribui para o país e que tem uma profissão muito importante”, argumentou.
Os bombeiros profissionais “estão há décadas à espera de um mínimo de respeito pelas suas profissões”, que “são muito difíceis e muito exigentes”, sublinhou a líder bloquista.
“Os bombeiros sapadores têm profissões de desgaste rápido, são profissões de risco, lidam com incêndios perigosos, matérias perigosas, mas não têm o reconhecimento da profissão de desgaste rápido”, apesar de “arriscarem a sua vida todos os dias” e “nem por isso têm direito a reformar-se mais cedo”, sustentou.
O Bloco defende para os sapadores “um subsídio de risco à altura da profissão que têm, um reconhecimento da profissão de desgaste rápido, com uma reforma antecipada”.
“Aquelas pessoas chegam aos 50, 55 anos, e já não podem estar no terreno, de facto. Não podemos ter um Estado competente, de qualidade, eficaz, que sirva as nossas necessidades, se não reconhecemos os profissionais. E isso vale para bombeiros e sapadores, vale para médicos, para enfermeiros e para todos os profissionais de saúde”, acrescentou a coordenadora bloquista.
Sobre a forma como decorreram as manifestações de desagrado dos bombeiros que se verificaram na terça-feira em Lisboa, que incluíram o lançamento de petardos, a responsável do BE lembrou que “os protestos têm que respeitar as regras”, mas reconheceu “o cansaço de quem espera há muito tempo”:
“Há mínimos de regras que têm de ser cumpridas. E essas mínimas regras garantem o protesto em democracia, garantem a segurança de toda a gente, de quem se protesta e de quem está à margem”, disse.
Contudo, “quaisquer excessos que possam ter sido cometidos, e o próprio protesto, têm um contexto que também deve ser compreendido. E é o contexto de um cansaço muito grande pelo não reconhecimento de condições básicas do trabalho de um bombeiro sapador que é tão específico e tão perigoso”, ressalvou.
Mariana Mortágua apelou à continuidade das negociações com os sapadores, porque “é preciso encontrar as soluções e respeitar estes profissionais”, mas advertiu que “o Governo não pode entrar em negociações provocando os bombeiros”.