“O espaço d’A Capital está descartado”, diz João Meireles, da companhia Artistas Unidos, ao Observador, após uma reunião esta segunda-feira com a Comissão de Cultura da Assembleia Municipal de Lisboa. Desde que tiveram de sair do Teatro da Politécnica, em julho, por cessação do contrato de arrendamento com a Reitoria da Universidade de Lisboa, os Artistas Unidos estão, até ao momento, sem teatro.
“Depois de termos acesso ao projeto de arquitetura percebemos que o espaço que estava disponível é tão exíguo e tão condicionado que nem valia a pena o investimento e o esforço. Íamos ficar reduzidos a um teatro de bolso”, continua o responsável, que revela que a autarquia já propôs uma nova hipótese para sede dos Artistas Unidos. “É um armazém na Rua do Açúcar que pode acomodar as nossas necessidades”. O armazém em causa fica ao lado da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo (CPBC), que atualmente ocupa o número 31 da Rua do Açúcar, em Marvila. Segundo João Meireles, o espaço está neste momento “ocupado por bens de uma outra entidade”.
“Parece-nos uma boa solução se for realmente permanente e estável para a companhia”, diz o membro da companhia, que revela que foi a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, Laurentina Pereira, que lhes sugeriu o espaço em setembro. “Na altura achámos que até ao final do ano o espaço estaria desocupado, e que poderíamos inaugurá-lo em setembro de 2025, mas esse calendário parece-nos agora difícil”, admite, preferindo não se comprometer com datas, mas esperançoso no que acredita ser “uma real vontade da Câmara Municipal de encontrar um espaço definitivo”. No entanto, “falta concretizar um protocolo, um acordo, um contrato de cedência”, nota.
Até lá, os Artistas Unidos vão continuar em itinerância. “Vamos continuar com os espetáculos, nos palcos que nos quiserem acolher, a ensaiar em salas de ensaio que vamos alugando, tendo os materiais em pequenos armazéns que vamos alugando”, descreve. “Em modo nómada, a gastar bastante… Vamos ver durante quanto tempo podemos manter este regime vai e vem, não é nada fácil.”
Depois da saída do Teatro da Politécnica, em julho, os Artistas Unidos abriram a temporada com Búfalos, de Pau Miró, no Centro Cultural de Belém. Em novembro, levaram Vento Forte, de Jon Fosse, ao recém-inaugurado Teatro Variedades, no Parque Mayer, onde ficam até 22 de dezembro.