Ultrapassado o pior, Edoardo Bove já só olha em frente. O jovem jogador da Fiorentina que teve uma paragem cardiorrespiratória no início do mês, durante o jogo contra o Inter Milão, já teve alta hospitalar depois de ter estado internado durante 12 dias e garantiu que quer voltar a pisar os relvados.
Numa longa mensagem nas redes sociais, Edoardo Bove agradeceu o apoio que recebeu de todo o universo do futebol. “Olá a todos. Nestes dias difíceis tenho andado a pensar muito. Embora não seja do meu feitio partilhar nas redes sociais, gostaria de expressar um pensamento que me marcou profundamente. O episódio desagradável que ocorreu durante o Fiorentina-Inter mostrou-me, ainda mais do que eu pensava, que o futebol é muito mais do que um jogo, um campeonato ou uma carreira. O futebol é uma comunidade de pessoas, ligadas pela mesma paixão, que partilham momentos de alegria, emoção, raiva, desilusão e sofrimento”, começou por escrever.
O italiano de 22 anos caiu inanimado ainda durante a primeira parte do jogo contra o Inter Milão, foi assistido ainda no relvado e sujeito a manobras de reanimação, acabando por ser transportado para o hospital de ambulância, sendo que já chegou consciente. Os primeiros exames afastaram desde logo a possibilidade de danos cerebrais e cardíacos a longo prazo, mas Bove foi mesmo sujeito a uma cirurgia para colocar um desfibrilhador — algo que, pelo menos por agora, o impede de jogar em Itália.
Os regulamentos do futebol italiano não permitem que um jogador atue com um desfibrilhador cardíaco e Christian Eriksen, internacional dinamarquês que colapsou no Euro 2020 e acabou por ter de deixar o Inter Milão, onde jogava, passou exatamente pela mesma situação. Por agora, o desfibrilhador de Edoardo Bove é amovível, podendo ser retirado daqui a alguns meses e sob a luz verde de uma bateria de exames, mas o mais provável é que o italiano tenha mesmo de colocar um aparelho definitivo.
Ainda na mensagem que publicou nas redes sociais, o jovem jogador garante que se apercebeu da “genuinidade deste desporto”. “De como, para além dos resultados, da competição ou da concorrência, estamos todos unidos. Unidos por um laço que, uma vez criado, fortalece-se nos momentos de dificuldade, tornando-se quase indissolúvel. Um laço que nos dá amor e emoções difíceis de explicar. Um laço que dá a força para ultrapassar qualquer obstáculo. Falo disso porque o experimentei na pele nestes dias. O carinho que recebi, o calor dos adeptos, o apoio dos colegas de equipa e dos adversários, a proximidade de todo o mundo do futebol, foi algo que me deu uma força e uma coragem incríveis”, acrescentou.
“Senti-me rodeado de uma energia positiva que me permitiu manter a calma, não sentir a solidão que muitas vezes está presente neste tipo de dificuldades. Por esta razão, gostaria de que todos nós nos esforçássemos para não esquecer a verdadeira essência do nosso desporto, para não nos deixarmos ofuscar pelo lado comercial e não darmos por adquirido o espírito autêntico. Porque, apesar de tudo, o que aconteceu é um testemunho do lado genuíno do futebol: o lado que se alimenta de emoções reais, de histórias pessoais e de uma forte ligação entre aqueles que jogam e aqueles que apoiam”, sublinhou.
EDO????????⚜️ pic.twitter.com/izX6W6Znk3
— ACF Fiorentina (@acffiorentina) December 14, 2024
Edoardo Bove já passou pelo centro de treinos da Fiorentina no passado sábado, tendo sido recebido em euforia pelos colegas e pela equipa técnica liderada por Raffaele Palladino, e na mesma publicação nas redes sociais deixou a intenção clara de voltar a jogar. “Estou verdadeiramente grato por pertencer a este mundo e agradeço-vos do fundo do coração o carinho e a proximidade que me demonstraram! Estou bem e isso é o mais importante! Até breve… Em campo”, terminou.