A Comissão de Trabalhadores da Trust in News (TiN) considerou esta quarta-feira que a situação do grupo dono da Visão teria “exigido medidas mais musculadas” e que houve duas propostas de compra de publicações que não foram aceites.

Rui da Rocha Ferreira, membro da Comissão de Trabalhadores (CT) da TiN falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo.

A Trust in News, liderada por Luís Delgado, detém 17 marcas e conta com 137 trabalhadores, de acordo com dados da CT.

“Considerando o estado em que a empresa estava”, isso teria “exigido medidas mais musculadas”, afirmou Rui Rocha, em resposta a questões do PS.

Questionado sobre se houve tentativa de tomar medidas para estancar a atual situação do grupo, o representante da CT disse que “sim e não”, referindo que este é “o sentimento mais generalizado”.

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Desde 2018, altura em que a TiN comprou as publicações à Impresa, “aconteceu muita coisa, uma pandemia, uma guerra” e as empresas “têm de saber adaptar-se às exigências do mercado”, prosseguiu.

“É opinião comum que deveria ter sido feito algo mais”, sublinhou o responsável da CT, que entrou em funções em junho.

Este ano, saíram da empresa “55 trabalhadores” e “entraram 11”, detalhou.

Relativamente se foi feita uma reestruturação, a CT adiantou que houve corte de despesas, que inclui corte de licenças de software, serviços de fotografia e de agência noticiosa.

“A própria questão, como os salários, iam chegando tarde” levou a que a situação se tornasse “insustentável e provocou um desgaste brutal nas pessoas”, levando à saída de trabalhadores que não queriam fazê-lo, mas não tinham outra hipótese.

“Pode-se alegar reestruturação, mas na nossa opinião” esta tem de ter estratégia, ser organizada e ter objetivos.

Já em resposta ao Livre, o membro da CT da TiN referiu que houve “duas propostas oficiais à administração para compras de publicações durante o período de recuperação”.

Estas “propostas não foram aceites”, porque segundo a administração “não eram vantajosas”, referiu.

94 salários de outubro por pagar e todos os de novembro

O presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) afirmou esta quarta-feira que estão 94 salários de outubro por pagar na Trust in News (TiN), todos os de novembro e os últimos subsídios de férias e de Natal.

Luís Simões falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra a TiN, dona da Visão e de mais 16 marcas, que está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.

Atualmente, “estão 94 salários de outubro por pagar, todos os salários de novembro por pagar, os últimos subsídios de férias e de Natal e os últimos seis subsídios de refeição”, detalhou o sindicalista. O grupo conta com 137 trabalhadores neste momento. Luís Simões apontou os efeitos da crise que a TiN tem na distribuição.

“A certa altura, neste processo, falei com a Vasp porque esta manifestou alguma preocupação com a quebra que será muito grande nas receitas”, de “200 mil euros”, o que terá impacto na imprensa regional, prosseguiu. Até porque a Vasp terá dito que “não consegue manter preços sem a TiN”, pelo que se aumentar os preços isso vai refletir-se na imprensa regional e local.

“Acho que houve em alguns momentos alguma irresponsabilidade na gestão [da TiN], porque não se pagou à Segurança Social e à Autoridade Tributária”, que são os dois maiores credores da dona da Visão e chumbaram o Processo Especial de Revitalização (PER).

A Comissão de Credores tem como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, Autoridade Tributária, Impresa Publishing, Novo Banco e Representante dos trabalhadores a indicar pela Comissão de Credores. Os CTT e o BCP são membros suplementes desta Comissão.