Ao cabo de 74 dias, Nacional e Benfica voltaram a subir ao relvado do Estádio da Madeira para concluir a oitava jornada da Primeira Liga. Passaram-se mais de dois meses e foram precisas três tentativas, ainda que as horas que antecederam o jogo desta quinta-feira tenham ficado marcadas pela incerteza, dado o microclima imprevisível de um estádio que se localiza a 632 metros de altitude na Ilha da Madeira, que inclusivamente levou o avião dos lisboetas a precisar de três tentativas para aterrar no Aeroporto Cristiano Ronaldo. Tudo podia acontecer, mas o futebol acabou por “vencer” a meteorologia, ao contrário do que aconteceu em outubro e em tantos outros momentos naquele palco.
Como não podia deixar de ser, o contexto das duas equipas era diferente do que se registava no início de outubro. Na altura, o Sporting de Ruben Amorim encontrava-se numa fase demolidora e liderava a Primeira Liga com uma vantagem de cinco pontos para o Benfica, que chegava à Madeira depois de golear o Atl. Madrid em casa (4-0). De lá para cá, Amorim saiu para o Manchester United, João Pereira assumiu o comando dos leões e os encarnados recuperaram parte da desvantagem, entrando em campo a quatro pontos do rival, já depois de ter perdido dois pontos na deslocação a casa do AVS (1-1).
Ficha de jogo
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Nacional-Benfica, 0-2
8.ª jornada da Primeira Liga
Estádio da Madeira, no Funchal
Árbitro: Gustavo Correia (AF Porto)
Nacional: Lucas França; Gustavo Garcia, Zé Vitor, Ulisses Wilson, José Gomes; Matheus Dias (Bruno Costa, 63’), Luís Esteves (Chiheb Labidi, 85′), Djibril Soumaré; Arvin Appiah (Daniel Penha, 63’), Dudu (João Aurélio, 90+1′) e Isaac Tomich (Dyego Sousa, 63’)
Suplentes não utilizados: Rui Encarnação; André Sousa, Chico Gonçalves e Léo Santos
Treinador: Tiago Margarido
Benfica: Anatoliy Trubin; Alex Bah, Tomás Araújo, Nico Otamendi, Álvaro Carreras; Florentino Luís, Frederik Aursnes (Leandro Barreiro, 81’); Ángel Di María (Andreas Schjelderup, 87′), Orkun Kökçü (Benjamín Rollheiser, 87′), Kerem Aktürkoglu (Jan-Niklas Beste, 81’); Vangelis Pavlidis (Zeki Amdouni, 72’)
Suplentes não utilizados: Samuel Soares; António Silva, Arthur Cabral e Issa Kaboré
Treinador: Bruno Lage
Golos: Di María (gp, 59’ e 74’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Pavlidis (16’), José Gomes (45+2’), Bah (45+3’), Di María (62’), Soumaré (67’) e Barreiro (84′), vermelho a Nuno Santos (treinador de gr, 45+1’)
“Com o tempo e com o treino a equipa está diferente. O Nacional venceu o último jogo e isso traz sempre uma energia positiva para a equipa. À partida, os onzes estão definidos e olhamos muito para os primeiros minutos da partida contra nós. É sempre difícil jogar na Choupana, mas queremos muito jogar e estamos preparados para isso. Há momentos do jogo que ainda não controlamos como gostaríamos. Há momentos em que recuperamos a bola e dois/três toques a seguir perdemos. Isso faz a equipa correr mais e não queremos isso. A evolução constrói-se com tempo de treino”, anteviu Bruno Lage.
Do outro lado estava um Nacional à procura de pontos para deixar os últimos lugares da tabela classificativa. Os alvinegros entraram em campo a apenas um ponto da zona de despromoção, pelo que era fundamental conseguir pontuar. A vitória frente ao Moreirense (casa, 1-0) servia de combustível para enfrentar uma equipa de Liga dos Campeões, como referiu Tiago Margarido. “Vai ser um desafio muito grande para nós, mas que ao mesmo tempo é desafiante, porque vamos ter oportunidade de medir o nosso estado e as nossas competências atuais. [O Benfica] vai entrar forte e querer marcar uma posição, uma vez que também só dependem deles para passar o ano em primeiro lugar, porque ainda vão jogar com o Sporting. Portanto, contamos com um Benfica fortíssimo”, partilhou o treinador.
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— SL Benfica (@SLBenfica) December 19, 2024
Assim e devido ao regulamento da Liga Portugal, os onzes iniciais foram praticamente os mesmos, com apenas Margarido a efetuar alterações, já que Nigel Thomas encontra-se lesionado e foi substituído por Dudu. No banco de suplentes, Labidi, Chico Gonçalves e Dyego Sousa entraram por troca com Rúben Macedo, Adrián Butzke e Miguel Baeza. Lage mexeu apenas nos suplentes, com Schjelderup a entrar para o lugar de Prestianni. O jogo recomeçou ao minuto 8.05, com um lançamento para o Nacional, do lado direito, junto à grande área encarnada.
Depois de uma entrada mais destemida dos insulares, os encarnados começaram a impor o seu jogo e, através de uma bola, criaram a primeira ocasião de perigo, que terminou com Lucas França a defender um cabeceamento de Pavlidis, que surgiu solto de marcação no interior da área (12′). Ainda assim, o jogo ofensivo do Benfica começou por ser pouco incisivo, com os jogadores a acumularem erros e perdas de bola em zona de finalização. Pouco depois e antes do nevoeiro voltar a aparecer, sem percalços, as águias conseguiram desmontar a defesa alvinegra pela direita, Kökçü cruzou rasteiro para Pavlidis, que recebeu de costas e deixou atrasado para o remate de Aktürkoglu, mas o guarda-redes negou o golo com a perna (29′).
⏱️ 37’ | Nacional 0 – 0 Benfica
◉ Lucas França ???????? já soma 3 defesas, duas delas de dificuldade assinalável#CDNSLB #LigaPortugal pic.twitter.com/ZyIJvzgbuX
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O Benfica continuou à procura do golo na reta final do primeiro tempo, só que Lucas França continuava em grande plano na baliza do Nacional. Na sequência de um cruzamento de Kökçü para o segundo poste, Otamendi ganhou a posição e cabeceou para a baliza já dentro da pequena área, mas o número 37 parou o remate em cima da linha de baliza (36′). Já no tempo de compensação, Di María cruzou contra um defensor madeirense, mas a bola caprichou para Aktürkoglu que, em posição frontal, desferiu um remate enrolado para mais uma intervenção de grau elevado de Lucas (45+3′). Com o guarda-redes em grande, as equipas recolheram aos balneários empatadas (0-0).
Sem alterações ao intervalo, os encarnados mantiveram a supremacia no início da segunda parte e começaram a justificar outro resultado. Na primeira ocasião, Kökçü apareceu solto de marcação fora da área e, de longe, desferiu um remate forte que embateu em cheio na barra da baliza de Lucas França (50′). Pouco depois, Di María apareceu a concluir um cruzamento de Bah, mas Ulisses cortou a bola com o braço quando tentava desviar com a cabeça. Assinalada a grande penalidade, o internacional argentino assumiu a cobrança e não desperdiçando, enganando Lucas França com toda a calma (59′).
Com o golo inaugural, o jogo esmoreceu, com o Nacional a subir as linhas na procura de regressar ao jogo e, em sentido inverso, o Benfica a baixar o ritmo do jogo e a acusar algum desgaste. Já com Admouni como referência na frente de ataque, os benfiquistas aproveitaram um lance em que os nacionalistas não aliviaram a bola dentro da área, o avançado suíço recuperou e deixou para Di María que, com um remate colocado, que ainda desviou num defesa, aumentou a vantagem (74′). Até ao término do encontro ainda houve tempo para o recém entrado Leandro Barreiro cabecear à trave, após mais um cruzamento de Di María e uma intervenção de França (82′).
Feitas as contas, o Benfica regressou às vitórias e chegou aos 35 pontos na tabela classificativa, isolando-se no segundo lugar. Os encarnados estão agora a um ponto do líder Sporting e com um ponto de vantagem face ao FC Porto. Na próxima jornada, as águias recebem o Estoril em mais um dérbi lisboeta.