O CDS-PP/Madeira considerou esta quinta-feira que o ciclo de governação do PSD “está interrompido”, com a aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, e defendeu que a “solução mais viável” é a realização de eleições antecipadas.
“Não temos medo de eleições, temos a consciência tranquila de que fizemos aquilo que devíamos fazer. Vamos a eleições”, disse o dirigente democrata-cristão Ricardo Vieira, após uma audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que esta quinta-feira está a ouvir os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, após a aprovação, na terça-feira, da moção de censura.
Ricardo Vieira indicou que o CDS-PP pretende concorrer sozinho e considerou ser “muito cedo” para falar de eventuais coligações pós-eleitorais.
A delegação democrata-cristã recebida pelo representante da República, que integrava o líder da estrutura regional do partido e presidente da Assembleia Legislativa Regional, José Manuel Rodrigues, não sugeriu qualquer data para a realização das eleições, mas defendeu que devem ser marcadas dentro de um prazo razoável e sem pressa.
“Julgamos que as eleições devem ser marcadas tendo em atenção também que pode haver necessidade de alguns partidos repensarem as suas estratégias, repensarem as suas formas de atuar e de se proporem ao eleitorado nas próximas eleições e deve-se dar alguma tranquilidade aos partidos para que as eleições ocorram em prazo razoável”, disse Ricardo Vieira.
O dirigente sublinhou que o CDS-PP cumpriu tudo aquilo a que se comprometeu face ao executivo social-democrata minoritário, tendo assinado um acordo de incidência parlamentar com o PSD, viabilizando o programa de Governo e procurando introduzir medidas nos Orçamentos regionais para 2024 e 2025.
“Infelizmente, consideramos que este ciclo está interrompido e, portanto, a solução que nos parece mais viável é de facto eleições”, disse.
O CDS-PP manifestou também ao representante da República ter esperança numa nova “solução de governabilidade” no próximo ano.
“Esperamos, sinceramente, que resulte das próximas eleições uma solução de governabilidade e que essa solução, não sendo necessariamente com constituição de maiorias absolutas de um só partido, [traga] soluções de responsabilidade para todos, no sentido de que é preciso saber viver numa democracia em que não há maioria absoluta de um só partido”, disse.
PS da Madeira defende eleições regionais “o mais rápido possível”
A moção de censura ao executivo madeirense apresentada pelo Chega foi aprovada na terça-feira com os votos a favor de toda a oposição – PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados) votaram contra.
Antes, em 9 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 6 de junho deste ano.