Teve paragens com mais sucesso, teve outros projetos que não correram tão bem, foi sobretudo criando uma imagem de marca que ultrapassava e muito aquilo que começou a construir como treinador principal no FC Porto, onde se sagrou bicampeão depois da saída de André Villas-Boas para o Chelsea entre quatro títulos. Aquela célebre conferência de imprensa ainda na Arábia Saudita quando orientava o Al Ahli, em que se mostrou visivelmente agastado com as questões colocadas e soltou um “Speak the truth” que não demorou a tornar-se viral, foi apenas um desses momentos de um trajeto sólido, com várias “aventuras” em diferentes países e que lhe foi permitindo estar em várias short lists de clubes. Agora, segue-se a Premier League.
Depois de ter sido o nome quase único apontado à sucessão de Gary O’Neill, que saiu depois de mais uma série de quatro derrotas consecutivas, Vítor Pereira foi oficializado esta quinta-feira como novo treinador do Wolverhampton e terá a missão de evitar a descida ao Championship numa altura em que ocupa o 19.º e penúltimo lugar do Campeonato com nove pontos, a cinco da zona de salvação quase a meio da época. E com uma curiosidade: depois da fazer a estreia fora na Premier League diante do Leicester, o técnico fará o primeiro jogo em casa frente ao Manchester United de Ruben Amorim, um dos portugueses no comando de equipas do principal escalão a par de Marco Silva (Fulham) e Nuno Espírito Santo (Nottingham Forest).
“Estamos muito felizes por receber Vitor Pereira no Wolves como o novo técnico principal. É um técnico altamente respeitado e experiente que alcançou sucesso em diferentes ligas e trará uma nova abordagem para o teste que está por vir. Este é um momento desafiador para o clube, e queremos agradecer ao Vítor por assumir esta responsabilidade. Temos total confiança na sua capacidade de nos guiar de volta ao caminho, ao lado dos jogadores e da equipa, e todo o clube estará unido para apoiá-lo para alcançar o sucesso”, destacou Jeff Shi, presidente do Wolverhampton, em declarações aos meios do clube.
“O Vítor é um técnico altamente experiente e talentoso, que demonstrou a sua capacidade de ter sucesso ao mais alto nível. A sua personalidade, desejo e qualidades de liderança destacaram-se para nós durante este processo e estamos animados para ver como ele aplica a sua qualidade aqui. Estou ansioso para trabalhar em estreita colaboração com Vítor e a sua equipa diariamente, apoiando-os de todas as maneiras possíveis, desde obter o máximo de nossa equipa em Compton até ao recrutamento na próxima janela de transferências”, acrescentou o diretor desportivo do Wolves, Matt Hobbs, no anúncio da contratação.
O português, que estava nesta fase nos sauditas do Al Shabab (clube que irá receber cerca de um milhão de euros da cláusula de rescisão), irá orientar um plantel com vários jogadores portugueses entre José Sá, Toti Gomes, Nelson Semedo, Rodrigo Gomes, Carlos Forbs ou Gonçalo Guedes, além de outros nomes mais conhecidos dos adeptos nacionais como o espanhol Pablo Sarabia. Podence e Chiquinho, que têm ainda ligação contratual com o Wolves, saíram por empréstimo para Al Shabab e Maiorca, respetivamente.
Aos 56 anos, Vítor Pereira ganhou dois Campeonatos e duas Supertaças em Portugal, um Campeonato e uma Taça na Grécia e um Campeonato e uma Supertaça na China. Mais recentemente, o técnico perdeu as quatro finais realizadas no Brasil, entre Taça, Supertaça Sul-Americana, Supertaça e Campeonato Carioca. Desde que saiu do FC Porto, onde chegou após passagens por Sanjoanense, Sp. Espinho e Santa Clara (nestes casos, como técnico principal), o técnico passou por Al Ahli (Arábia Saudita), Olympiacos (Grécia), Fenerbahçe (Turquia), 1860 Munique (Alemanha), Shanghai SIPG (China), Corinthians (Brasil) e Flamengo (Brasil). Neste altura, o treinador português ocupava o sexto lugar da Liga saudita com o Al Shabab.