O Presidente da República nomeou Jorge Manuel Nobre de Sousa para o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada. Em comunicado publicado no site da Presidência, Marcelo deixa ainda uma nota a Gouveia e Melo: “O Presidente da República agradece e louva o muito qualificado desempenho do Senhor Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada cessante, aliás, no quadro de uma carreira brilhante, e condecora-o com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.”
Minutos depois de ser divulgada a nomeação do sucessor de Gouveia e Melo, o Presidente da República revelou que a cerimónia de tomada de posse do novo Chefe do Estado-Maior da Armada vai decorrer a 27 de dezembro. “Logo a seguir à posse do novo CEMA haverá uma segunda cerimónia, que é a de condecoração” de Gouveia e Melo. Uma distinção atribuída “pelo serviço prestado, porque além de uma carreira brilhante, teve um serviço muito qualificado na chefia da Armada”, explicou Marcelo no Barreiro, onde está esta terça-feira para cumprir a tradição natalícia de beber ginja e onde chegou uma hora mais tarde que o previsto precisamente porque quis fechar o processo na Armada antes.
“Nos termos constitucionais, sob proposta do Governo, conforme Deliberação do Conselho de Ministros, ouvido o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, e após audição do Conselho do Almirantado, através do Ministro da Defesa Nacional, o Presidente da República decidiu nomear o Senhor Vice-Almirante Jorge Manuel Nobre de Sousa para o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada e promovê-lo ao posto de Almirante”, refere a nota de dois parágrafos divulgada esta terça-feira no site da Presidência.
Oficiais das Forças Armadas defendem “apoio consistente” do poder político para reforçar recursos
Nobre de Sousa assume as funções num momento em que se agudiza a falta de recursos humanos, não apenas na Marinha mas em todos os ramos das Forças Armadas. Numa primeira reação à nomeação do novo CEMA, a Associação de Oficiais das Forças Armadas sublinha precisamente esse contexto e defende que é imperativo que o novo Chefe da Marinha conte com o apoio político para reverter essa realidade.
“Que o seu mandato seja acompanhado de apoio consistente e efetivo da governação, disponibilizando os recursos necessários à boa gestão da Marinha”, refere o presidente da AOFA, comandante Carlos Rodrigues Marques, felicitando o em breve almirante Nobre de Sousa — a quem reconhece “atributos e virtudes”, nomeadamente “na área operacional, que servirão seguramente para identificar o melhor rumo para chegar a bom porto em tempos tempestuosos”.
“Paralelamente, desejo que o mandato seja marcado por uma boa relação institucional com as Associações Profissionais de Militares, como legítimos representantes dos Militares das Forcas Armadas em matérias de natureza sócio profissional, assistencial e deontológica”, destaca o dirigente da AOFA, garantindo o “apoio institucional” ao novo CEMA “em prol dos objetivos de dignificação da condição militar e dos direitos que são e estão subjacentes aos militares das Forças Armadas, bem como em tudo o que respeitar à garantia das condições adequadas ao exercício da profissão militar”.
Gouveia e Melo com caminho aberto para presidenciais
Segundo a nota curricular do até agora vice-almirante Nobre de Sousa disponível no site da Marinha, Nobre de Sousa ingressou no ramo em 1981. Antes de assumir as funções de Comandante Naval da Marinha, em 2022, o novo Chefe do Estado-Maior da Armada foi comandante da fragata Álvares Cabral, Chefe do Estado-Maior do Comando Naval e também prestou serviço na Divisão de Planeamento do Estado-Maior da Armada.
Além dessas funções, Nobre de Sousa comandou a unidade de elite da Marinha, o Corpo de Fuzileiros. Mais recentemente, refere a mesma nota curricular, foi Subchefe do Estado-Maior do Comando Conjunto para as Operações Militares.
A saída de Gouveia e Melo dos comandos da Marinha era previsível — o almirante já tinha, de resto, deixado claro que pretendia dar por terminadas as suas funções até ao final de dezembro deste ano, momento em que se contavam três anos desde a nomeação para o cargo de CEMA. Sem nunca o ter assumido publicamente, Gouveia e Melo estará a preparar a sua própria campanha para as presidenciais de 2026. É, aliás, um dos nomes mais bem posicionados para essa corrida ao Palácio de Belém nas várias sondagens que têm sido divulgadas ao longo dos últimos meses.