O antigo presidente taiwanês Ma Ying-jeou alertou, durante uma visita à China, que as políticas de afastamento da cultura chinesa implementadas pelo partido no poder criaram uma “crise cultural sem precedentes” em Taiwan.

Num evento público na cidade de Chengdu, capital da província de Sichuan, no sudoeste da China, Ma acusou o Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês) de manipular politicamente a identidade cultural taiwanesa.

O político de 74 anos, do partido Kuomintang (KMT, na oposição), afirmou que “as manipulações políticas do DPP levaram Taiwan na direcção errada”, avançou hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Ma sublinhou o papel fundamental que Taiwan tem tido na preservação da cultura chinesa, mas sublinhou que este legado está em perigo devido a processos que procuram reduzir a influência da identidade e da história no país.

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“Nas últimas décadas, Taiwan desempenhou um papel vital na preservação e promoção da cultura chinesa. Mas hoje, a cultura chinesa em Taiwan enfrenta uma crise sem precedentes”, afirmou o antigo líder da ilha (2008-2016).

Ma insistiu que “a civilização chinesa é a única cultura antiga do mundo que perdura há cinco mil anos sem interrupções”, atribuindo esta conquista aos esforços combinados entre ambos os lados do Estreito.

As políticas do DPP “estão condenadas ao fracasso” porque a cultura chinesa “está profundamente enraizada na linhagem do povo taiwanês”, garantiu o antigo presidente de Taiwan.

Num discurso, Ma apelou ainda à responsabilidade das novas gerações de preservar o património partilhado e promover a compreensão cultural entre Taiwan e a China continental. “A nossa geração deve assumir a responsabilidade de corrigir estes erros”, disse o político. “Preservaremos esta herança partilhada, apesar dos desafios sem precedentes de hoje”, acrescentou Ma.

Ma lidera uma delegação de estudantes numa viagem pelas províncias de Heilongjiang, no nordeste da China, e Sichuan, onde vão visitar locais históricos e participar em atividades culturais até 26 de dezembro.

China e Taiwan viveram um grande momento de aproximação durante a presidência de Ma, a ponto de ter realizado uma reunião histórica em Singapura com o líder chinês, Xi Jinping, no final de 2015, a primeira entre líderes de ambos os lados do estreito em mais de 60 anos. Ma e Xi voltaram a encontrar-se em abril deste ano, em Pequim.

A viagem de Ma ocorre num contexto de crescente fricção entre a China e Taiwan, uma ilha governada autonomamente desde 1949 e considerada pelas autoridades de Pequim como uma província, que deve ser reunificada com o restante território chinês, pela força, caso seja necessário.

Na semana passada, Pequim enviou vários navios da marinha e da guarda costeira para as imediações de Taiwan e diferentes partes do Pacífico.