Mudou o cenário, mudaram também os pressupostos da apresentação. Se em março de 2020 e em novembro de 2024 houve um cenário preparado de forma especial em Alvalade para a apresentação de um novo técnico junto à porta 10A, no hall VIP de Alvalade, agora Frederico Varandas, presidente do Sporting, revelou a sua nova aposta para o comando no auditório Artur Agostinho com um único púlpito à frente de um ecrã digital verde com vários símbolos do clube e as palavras do lema: “Esforço, dedicação, devoção e glória”. Mas não seria essa a única mudança em relação aos momentos anteriores com Ruben Amorim e João Pereira.

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Primeira diferença: ao contrário do que aconteceu anteriormente, o líder dos verde e brancos esteve mais tempo a falar sobre o antecessor do que sobre o sucessor. Segunda diferença: ao contrário do que aconteceu anteriormente, fez apenas uma declaração e não respondeu a perguntas dos jornalistas – como viria depois a acontecer com Rui Borges. No entanto, não deixou de cumprir aquilo que tinha ficado como pressuposto principal após a conversa que teve em privado com João Pereira ainda antes do Natal para fechar a rescisão de contrato do antigo técnico da equipa B: defender e preservar ao máximo a imagem do sucessor de Ruben Amorim, colocando-o mais como uma vítima do contexto do que como um culpado pelo momento.

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“Não tenho muitas dúvidas que daqui a quatro/cinco anos estará num dos mais poderosos da Europa”: como Varandas preparou João Pereira

“Estamos aqui para apresentar o novo treinador e a sua equipa técnica mas antes gostaria de deixar uma palavra especial ao ex-treinador, João Pereira. Entrou num momento que todos conhecemos, num desafio extremamente complicado e desafiante. A verdade é que, tanto nós Sporting, como o João, chegámos à conclusão que não correu bem. Sabíamos das dificuldades, do choque emocional brutal pela saída de Ruben Amorim. Consideramos que experienciou verdadeiramente uma lei de Murphy, teve uma onda de lesões que nunca tivemos desde que cheguei a presidente do Sporting e também uma onda de arbitragens infelizes, que prejudicou a carreira do treinador. Sabíamos de tudo isso, a opção era de continuidade do processo, alguém que conhecia o processo e conhecia os jogadores. Mas hoje, olhando para trás, o problema foi que João Pereira não pôde ser João Pereira”, começou por referir o presidente leonino na declaração.

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“Perdemos Ruben Amorim, também não conseguimos ter João Pereira. Inconscientemente, teve de adaptar-se e fazer com que uma máquina montada continuasse a rolar à medida do ex-treinador. Olhando para trás, fosse João Pereira ou outro qualquer, infelizmente iria passar por isto. Hoje, não tenho dúvidas que o treinador que aqui vai ser apresentado, o Rui Borges, vai poder ser o Rui Borges. Vamos ter um treinador que vai poder ser o Rui Borges porque assim lhe é permitido. Porquê tanta confiança logo na apresentação de João Pereira? A resposta é simples: é esta a escola da minha formação, é este o meu conceito de liderança. Não me interessa o que vão dizer de fora ou se me vou fragilizar no futuro. Interessam-me os meus, o que posso fazer para dar força e motivar alguém que vai aceitar um desafio tremendo. Interessa-me muito mais a comunicação interna do que para fora. É assim que sou, que serei, que irei liderar o Sporting até ao meu último dia desta missão”, prosseguiu Frederico Varandas, entre mais elogios ao antigo treinador.

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“A única coisa que lamento foi não ter conseguido ajudar mais o João Pereira, é algo que vou carregar comigo para sempre. Ao João, desejamos todas as felicidades. Não temos dúvidas de que, quando for João Pereira, terá o seu devido sucesso, pelo mérito que tem, pelas suas competências e pelo caráter. Tantas vezes nesta indústria se fala de exemplos de pessoas que se agarram a determinados valores de rescisões. Gostaria de dizer que, quando me sentei com João Pereira para negociar a rescisão, ele não quis nem um cêntimo de dois anos e meio de contrato. Apenas me disse que o clube lhe deu tudo e jamais lhe irá ter de pagar o que quer que seja. Esta nobreza diz muito do que é o João e, enquanto presidente do Sporting, quero agradecer-lhe por tudo o que tentou e não conseguiu”, acrescentou o líder leonino ainda sobre o último mês e meio do clube, antes de projetar as razões que levaram à aposta em Rui Borges, ex-técnico do V. Guimarães.

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“Viramos a página para o futuro. Rui Borges é um treinador que já tínhamos no radar há mais de um ano, um treinador que subiu a pulso a sua carreira. Começando no modesto Mirandela, subindo por vários projetos, clubes cada vez mais exigentes e sempre com a sua ideia de jogo, com a sua liderança. Foi crescendo e subindo a pulso, chegando ao Mafra, onde fez um excelente trabalho. Passou pelo Moreirense, onde chamou a atenção da estrutura do Sporting, e passou por um clube [V. Guimarães] que tem a pressão de um grande, de grande exigência, onde continuou com um excelente trabalho. Reconhecemos em Rui Borges não só a competência, a ideia de jogo, mas um homem que lidera pelo exemplo, pelo simples discurso. Não lhe desejo competência mas sim sorte, que também será preciso. Muito obrigado ao Rui e a toda a sua equipa técnica. O Sporting luta por todos os títulos e assim irá continuar”, concluiu Varandas.