Utentes dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) criticam a falta de pontualidade dos autocarros e a pouca regularidade, mas há também quem se mostre satisfeito com o serviço prestado.

Em setembro, a Câmara de Coimbra aprovou uma proposta de redução temporária da oferta dos SMTUC, justificando a decisão com a falta de motoristas nos seus quadros.

Em diferentes paragens da cidade, utentes ouvidos pela agência Lusa dividiram-se entre críticas ao serviço prestado, apontando atrasos e linhas com pouca oferta, mas também se ouviram elogios aos SMTUC.

Guilherme, de 18 anos, e David, de 16, começaram a jornada às 6h30, em Soure, onde apanharam comboio para Coimbra, para chegar às 8h30 à Escola Secundária Quinta das Flores.

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Pelo caminho, têm de esperar pelo 24T junto à Estação Nova, onde as falhas e atrasos dos autocarros dos SMTUC já os levaram a ter de optar pela Uber (marca de transporte de passageiros por aplicação) ou a chegar fora de horas às aulas, contam à Lusa os dois estudantes.

No dia em que falam com a Lusa, o autocarro chega a tempo. “Não tem chegado atrasado nas últimas duas semanas”, conta David, salientando ainda que a nova aplicação dos SMTUC também lhes permite ir confirmando, em tempo real, se o autocarro está a chegar.

Na paragem ao lado, assim que se pergunta a opinião que os utentes têm do serviço dos SMTUC, há um riso inicial e um rol imediato de críticas.

“Está pior, está pior”, diz uma mulher, que se agasalha com uma manta, enquanto espera pelo autocarro que demora a chegar.

Ao seu lado, Célia Gomes, que vem da Mealhada, está “há meia hora à espera do autocarro”.

“Não funcionam bem, não são pontuais, é mais uma de estar à espera na paragem a ver se passa”, conta um rapaz, de 26 anos, numa paragem da Praça da República.

Já Fernanda, que vai apanhar o 31, numa paragem ao lado da Estação Nova, não tem queixas a fazer.

“Está dentro da hora, mas também este é o único e se falhar não há mais nenhum”, comenta.

Outra mulher, que optou por não dar o nome, vem de Taveiro em direção ao Bairro Norton de Matos, onde trabalha há 35 anos, e nota que de manhã o autocarro costuma não falhar, mas, à tarde, a história é outra.

O autocarro que apanha às 18h10 de regresso a Taveiro, por vezes, chega 15 a 20 minutos atrasado, falha que acredita estar relacionada com as obras do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) que “não se vê o dia em que vão acabar”.

Uma comerciante de 68 anos, que utiliza os SMTUC todos os dias, também acredita que a falta de pontualidade é resultado das obras que marcam as ruas de Coimbra.

Para a mulher, “não vale a pena andarem a meter mais autocarros”, se for para os mesmos circularem vazios ou para as pessoas “continuarem a andar de carro”, ainda para mais estando para breve o arranque do SMM.

Já Daniela Correia entende que há autocarros a menos, porque os que andam “estão muito cheios”, defendendo que a circulação deveria começar mais cedo, “porque há muita gente que entra [no trabalho] de madrugada”.

Apesar de notar alguns atrasos, esta utilizadora diária dos SMTUC acredita “que eles têm vindo a tentar melhorar um bocado”.

Também Márcia Lemos, que mora em Celas, diz que os autocarros “são pontuais, mas poucos”.

“Carrego o passe de 30 euros, não é pouca coisa, e o serviço fica a dever muito. Há autocarros em péssimas condições de uso”, criticou.

Questionada pela agência Lusa sobre a análise ao reajuste dos horários em vigor desde setembro, a Câmara de Coimbra afirmou, em resposta escrita, que a mesma “vai ser efetuada no final do ano ou, eventualmente, após data de interrupção de Natal do período escolar, tal como anunciado quando a reestruturação dos horários foi aprovada, no início do mês de setembro”.

Em relação a outras perguntas, sobre circulações suprimidas desde setembro e satisfação de utentes, não houve resposta por parte da autarquia.