O Bloco de Esquerda (BE) acusou a “ganância” da agricultura superintensiva de ser a responsável pelo “rio de lama” que se formou na zona baixa de uma aldeia em Aljustrel, distrito de Beja, na noite de domingo.

“A ganância pelo lucro máximo espezinhou a segurança das populações e as mais elementares boas práticas agrícolas”, frisou a Coordenadora Distrital de Beja do BE, num comunicado enviado esta terça-feira à agência Lusa.

Em causa está o “rio de lama” que se formou, no domingo à noite, na zona baixa de Ervidel, no concelho alentejano de Aljustrel, com terra e plantas de um olival recentemente plantado a invadir os quintais das casas e o espaço público.

Conforme disse à Lusa, na segunda-feira, a presidente da Junta de Freguesia de Ervidel, Andreia Piassab (PS), “os quintais ficaram todos cheios de lama e as ruas ficaram intransitáveis”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A autarca acrescentou que os trabalhos de limpeza mobilizaram trabalhadores e equipamentos da câmara e da junta e também os bombeiros.

No comunicado, o BE indicou que os detritos eram provenientes “da área de 120 hectares de olival superintensivo recentemente implantada em redor da aldeia“.

“Neste caso, os camalhões escorrem diretamente para os quintais e as ruas de Ervidel, em vez seguirem um traçado paralelo ao perímetro da aldeia, sem valas de escoamento das águas pluviais e de rega com fertilizantes e fitofármacos que acabam por se infiltrar nos solos”, criticou.

Segundo o BE, “além de avultados prejuízos que devem ser assacados aos responsáveis por este desastre ambiental”, a situação faz com que a saúde pública esteja “ameaçada pela invasão descontrolada de olival superintensivo e de outras monoculturas, como o amendoal”.

Por isso, lê-se na nota, “é preciso apurar responsabilidades pelo desastre de Ervidel, obrigando a reparar os danos causados à população e às entidades públicas (autarquias, bombeiros) que estiveram na primeira linha de resposta, mas também os danos causados aos solos mobilizados por práticas agrícolas agressivas e gananciosas”.

Ervidel, sublinhou o BE, não é um caso isolado: “A proliferação de culturas intensivas e superintensivas torna os territórios mais vulneráveis face a fenómenos de erosão e desertificação dos solos, seca prolongada e alternada com enxurradas de violência inédita.”

“As responsabilidades são vastas, a começar nos governos e partidos políticos que no parlamento rejeitaram todas as propostas de ordenamento agrícola que impunham regras”, concluiu.